Sonhar
A casa ficou esperando o café da manhã, café sem leite, pão doce e com margarina - que tipo de pessoa come pão doce com margarina? Ou a pergunta talvez seja, quem não come pão doce com margarina? - esperou às 12, na hora do frango assado cheio de orégano e cebola por cima, o arroz refogado até grudou na panela, a pizzaria mudou de lugar, só porque ouviu falar na espera.
A poeira fez morada nas paredes, os ácaros consumiram a cama, o vento do sul decidiu ir para o norte, e sem saber que horas chegar o sol foi eclipse, fez apocalipse e em colapso se acabou.
Os dedos guardaram o lápis para depois coitado - foi comprado ante ontem e nem se quer foi usado, ousado - entrou entre as canetas e mencionou como era ser diferente, ser de erro e displicente. E a televisão chorou por não se ligada, nem em uma madrugada alguém viu ou ouviu sua voz, a rua do tudo era rua do nada, e a casa sofrida foi massacrada pela vida, já não existia, era ventania no terreno da solidão.
O coração mencionou como era ser metade, e disse que na mais vil idade ainda valeria a pena sonhar...