tEXTO 856 - SOMOS TODOS HIPÓCRITAS
Texto 856 – Somos todos hipócritas!
No Éden, quando tudo ia bem, eis que chegou o dia em que o homem descobriu que quanto mais Poder ele tivesse, mais escravos teria para fortalece-lo, e nesse momento, o pior dos infernos poderia ser considerado melhor do que a Terra! Aqui se mata por nada e se escraviza por sadismo. Gastamos tempo e fortunas para desenvolvermos armas, mas não damos a mínima para melhorar nossa condição de vida. Gastamos milhões em segurança, mas não aceitamos gastar 1 centavo na preservação da natureza. Estamos há anos da cura da Aids; e não hesitamos um segundo para transar sem camisinha ou nos drogar com uma agulha de reuso.
Choramos quando assistimos uma imagem na rede social de um pedinte recebendo comida de um estranho, quando nós mesmos, todo dia jogamos milhares de toneladas de comida na lata do lixo. Nos emocionamos no Natal após apelo da TV para a consciência de humanidade; e no dia 26 esquecemos tudo que nos emocionou; e essa amnésia, medíocre e infeliz, dura até o dia 23 de dezembro seguinte.
Lembramos de dar o presentinho da mamãe no dia das mães; o mimo do papai no dia dos pais; e o brinquedinho sem serventia no dia das crianças; e tudo isso para mostrarmos que somos generosos e politicamente corretos com o comércio; mas no restante do ano, maltratamos nossos pais e nem estamos aí para os nossos filhos.
Desejamos o tempo inteiro que o Sol brilhe só para nós para que nossas mais diversas lavouras sejam as melhores; e quando eventualmente o calor fica um pouco mais excessivo, pedimos a Deus para mandar o sol para outro canto, pouco importando qual lavoura ele irá esturricar.
Dançamos para pedir a chuva, o acasalamento, a bonança e o Carnaval, mas jamais nos lembramos de bailar em agradecimento a nada de bom que tenha ocorrido em nossas vidas. Sim, porque somente diante da miséria é que evocamos a Deus... Pelo visto, a bonança não é coisa de Deus, mas fruto de nosso esforço...
Na África negra, crianças são escravas e servem exatamente como há mil anos atrás, como moeda. Na Ásia, elas são objetos dos sádicos; e aqui, nas Américas, crianças são violentadas e expostas a pior miséria, inclusive, muitas vezes, exigidas a fazer o que seus pais não puderam fazer: botar comida na mesa! Mas essas crianças, por mais que sejam divulgadas, ninguém chora por elas. Você e todos nós sabemos onde elas estão e quem são elas, mas isso não é um problema nosso. Politicamente correto e midiático é chorar pelos que aparecem no Facebook...
Até onde vai a nossa hipocrisia? Até onde vai parar a nossa falsidade de tentar comover o próximo sem que tenhamos um pingo de vergonha pela mentira que contamos?
Não nascemos pérfidos ou enganadores, mas exercemos isso como forma exclusiva, de adquirirmos aquilo que todos os influentes têm: PODER! O ato de comover em público, sem que nada de concreto façamos, para mudar a situação em que se encontra o homem sem sorte, somente serve para camuflar nossa cara de coitadinhos; mostrar que temos “coração puro”, mas na verdade, aprendemos a ser políticos, pois só falamos e nunca agimos.
O Jardim do Éden deixou há milhares de anos de ser uma localização geográfica, para ser uma situação social! E como sempre o foi; negros, brancos e amarelos que forem indigentes; sobretudo os que estão fora do alcance de nossas vistas, esses serão sempre expelidos de qualquer contato com esse jardim imaginário que todos cultivam pensando ser o Éden moderno.
Prefiro morrer a virar mais um objeto nas mãos desses Grão-Vizires que se acham os Senhores do Universo...!