As novas velhas notícias
O mundo é uma ciranda. Uma roda que gira e não para. A Terra gira em torno do sol. Assim, sobre nós, ilumina nossos dias e o tempo. O tempo não é linear. Ele sempre volta para o seu ponto de partida.
Assim é a história, que se repete de tempos em tempos, muitas vezes passando despercebida. As revoluções vêm, as manifestações vão e pouca coisa muda. A minoria rica quase sempre conseguindo seus objetivos e a maioria pobre frustrada com seus desejos e sonhos não conquistados. Se ganha alguma coisa por um lado, pode ter certeza que se perde muito por outro.
Durante a Revolução Francesa trocou-se o rei pela burguesia. O povo lutou para tirar o clero e a nobreza, objetivando mudanças e mais participação no poder. Depois do feito, esquerda e direita lutam pelo poder até hoje, mas não o povo.
A União Soviética prometeu que o povo seria o Estado. A foice representava o camponês e o martelo, o operário. O que se viu, porém, foi uma ditadura com nome de socialismo, totalmente sem democracia.
As leis trabalhistas no Brasil foram "conquistadas" sob um governo ditatorial de Getúlio Vargas que, em troca de apoio popular pro seu governo pouco democrático, fez a alegria da massa trabalhadora, sendo considerado o "pai dos pobres".
Recentemente, o Egito, junto a outros países, foi palco da chamada Primavera Árabe, tirando um governante há muito no poder, dando a ligeira impressão de uma real participação popular a partir daquela data. O que se viu depois foi uma instabilidade política, com certa repressão militar e o povo mesmo continuando a não participar do governo.
Esquerda, direita, centro...todos são política, praticamente com os mesmos objetivos: governar. Deixar as coisas nos seus devidos lugares, ou seja, um grupo que determina e outro que acata as decisões.
O fim da escravidão no Brasil ocorreu no final do século XIX, porém, em pleno século XXI presenciamos semi-escravidão ou escravidão mesmo. Se a reforma da previdência procura levar o trabalhador na ativa até os 65 anos de idade, não há muita diferença pra Lei do Sexagenário do século XIX, a qual libertava os escravos com essa idade.
Durante o século XVIII, o Brasil pagava um alto tributo para Portugal, correspondendo a 20% do que era produzido. Essa taxação era chamada de "o quinto", recaindo na produção do ouro. Os brasileiros se referiam a ele como "o quinto dos infernos". Depois disso, a Coroa Portuguesa passou a cobrar os atrasos, episódio conhecido como "derrama". Isto tudo levou à Inconfidência Mineira, o julgamento e execução de Tiradentes. Séculos depois, mais precisamente no atual século XXI, segundo um estudo de um instituto brasileiro, a carga tributária brasileira chegou ao final de 2011 a 38% ou praticamente dois quintos de nossa produção. Assim, pagamos hoje dois quintos dos infernos de impostos, já que, o que pagamos hoje é praticamente o dobro daquela exigida por Portugal à época da Inconfidência Mineira.
É assim a história de poder. Sempre o mais do mesmo. Mudam-se os nomes, os governos, os partidos, porém não a estrutura. A história se repete e o tempo e a força a deixam mal contada. E a impressão que fica é que o último dia de dezembro é sempre igual ao primeiro de janeiro.