Gente pobre, sem raça e transparente
Queria que Deus desse óculos para as pessoas. Elas não me enxergam. Não percebem meus pezinhos frios, gelados, meu chinelinho de dedo arrebentado, minha barriga vazia, minha nudez física e social. Meu futuro morto e enterrado. Elas passam por mim e não me enxergam. Se eu fosse um manequim de gesso em uma vitrine por certo seria notado. Nasci assim, transparente. Passo pelo mundo vagando como um espírito. As pessoas estudam, abrem tantas religiões e igrejas, falam tanto e prometem tanto na televisão, no radio e para mim, para minha gente, para minha comunidade nada mudou,nada esta mudando e nada mudará.Não somos brancos, nem negros, nem amarelos, somos transparentes.(Walter Sasso) (Autor dos livros "Sem Denise" e "Dobra Púrpura" - Amazon)