Inconstante

Essa sou eu. Esse é o mundo. Essa é a minha vida.

Eu sou parte de um todo, e não pertenço a lugar algum.

Eu sou lotada de emoções, e sou totalmente insensível.

Eu amo profundamente, sem nunca ter amado.

Eu não consigo aceitar os fins, e também não dou a mínima para eles.

Eu sou a mais honesta, e a maior mentirosa.

Eu me apego com tanta dificuldade, e desapego facilmente.

Eu luto até conseguir, então não quero mais.

Eu não dou a mínima, no entanto me importo tanto.

Eu amo o céu nublado, mas não a chuva.

Eu ouço uma semana inteira uma única música, depois não quero ouvi-la durante o resto do ano.

Eu tenho uma coisa preferida, então eu não tenho mais.

Eu amo rir, tanto quando adoro a sensação que as lágrimas trazem.

Eu me vício, em uma bolacha, até não gostar mais.

Eu aceito as pessoas exatamente como são, até achar que não sou obrigada a aguenta-las.

Eu amo multidões, mas amo mais ainda a solidão.

Eu adoro sair para bagunça, assim como adoro dormir.

Eu amo conversas, e acho o silêncio acolhedor.

Eu adoro discutir, mas tenho tanta preguiça.

Eu não tenho uma cor preferida, não tenho uma banda preferida, ou um livro, uma série, uma comida. Eu já tive. Mas isso são coisas de pessoas estáveis. E eu sou a pessoa mais instável, e, inalterada ao mesmo tempo, que existe.

Então se um dia, eu te amar. Me ame de volta, pois isso não vai voltar, isso provavelmente não vá durar também, mas é uma chance única.

Se um dia eu te disser que você é a melhor companhia que existe, aproveite. O meu existe vai provavelmente mudar no próximo ano.

E quando eu disser que suas ideias são incríveis, agradeça. O elogio não vai se repetir, talvez amanhã eu já não as ache tão boas assim.

Eu sou uma estrada de via única. Uma que vai ser apagada do mapa, por melhorias.

Se a oportunidade surge. Você aproveita, na hora. Ou ela não volta.

Ser melhores, ser felizes, nos encontrarmos...

É o que queremos.

Então eu mudo. Eu viro tudo do avesso. Eu jogo fora. Eu reconstruo. Eu me prendo. Eu permaneço livre.

Eu faço isso tudo o tempo todo.

Eu já tive medo de mim. Eu não queria me desprender do que eu criei para mim. Eu queria ter aquela identidade fixa.

Até que eu percebi que eu não sou assim. Eu não sou todo mundo. Eu não sou o que eu queria que eu fosse. Mas e dai? Se isso me faz bem, então está tudo certo.

Se eu quiser ser a pessoa que mais ama romance do mundo eu posso ser, e ao mesmo tempo não acreditar neles.

Se eu sou a droga de uma sonhadora, eu não vou fingir não ser. Porém não significa que eu não possa ter um senso de realismo até exagerado a ponto de ser cruel.

Se eu sou do tipo não apegada, e nem por isso fico usando os outros. Não tem problema, é tudo questão de ponto de vista, de vontade ou falta dela.

Sou tudo e nada.

Sou o colorido e a ausência de cores.

Eu sou o que eu quiser, na hora que eu quiser, enquanto eu quiser.

E se me fizer bem eu vou fazer.

Caso contrário, é escolha minha.

Cada um é feliz a sua maneira, e felicidade não deve ser questionada.