Antagonismo

Após me desenhar aos olhos das outras pessoas, notei duas faces. O primeiro “eu” é uma onça, destemida, solitária, forte, protetora, sem medos, enfrenta a vida e as pessoas, não mostra fraquezas, não se intimida. Essa onça, de tão forte, não erra, as decisões são as mais “certas” possíveis, é racional, calculista, tem um foco, não se deixa levar pela emoção. Apesar de todas as dificuldades continua firma e não pensa em desistir, pois sabe o que quer, tem metas e objetivos.

O segundo “eu” é aquela menina que ainda não cresceu, que tomada pelas emoções só tem decisões “merdas”, diante das dificuldades só tem um único pensamento: DESISTIR! Essa menina que ainda não cresceu, além de ser emotiva, acredita nas pessoas, quebra a cara constantemente, não consegue ver as armadilhas da vida, pouco desconfiada, muito sensitiva. O choro antecede qualquer decisão, ela é fraca, amargurada, sente saudades.

Após desenhar-se aos olhos das outras pessoas, percebeu o antagonismo presente nesses olhares. Após refletir e questionar-se, lembrou-se das frases de sua sabia avó “Não deixe que os outros decidam quem você é”.

Contudo, esse antagonismo vive em mim.

Não sou só força, sou fraqueza.

Não sou só risos, sou choro.

Não sou só metas, sou desistência.

Não sou só racional, sou sentimentos.

Os outros me desenham a partir das expectativas que criam de mim, e nos seus olhares e julgamentos estão o reflexo de quem eles são.