Quem sou?
O que somos nós? Sim leitor, quem é você? "Conhece-te a ti mesmo." A antiga máxima grega é repetida em todos lugares, várias e várias vezes até os dias de hoje, como se o fato de repeti-lá a fizesse ser mais verdadeira.
O significado ou o objetivo dessa máxima não ouso tentar demonstrar nesse pensamento, que cuidem os filósofos disso. Porém ainda resta a questão. "Conhece-te a ti mesmo." Quem somos nós? Quem sou eu? Ouso dizer que é impossível que, de todos seres humanos que já viveram, algum nunca tenha se questionado isso. Essa é uma questão tão velha quanto a própria humanidade, nasce junto com ela e, assim como 'o ovo ou a galinha', depende da própria humanidade para existir e a humanidade precisa dela para ser o que é. Por isso a antiga máxima grega é assim tão antiga.
Apesar de toda essa verborragia, a questão ainda continua. Quem somos nós? Quem sou eu? Tentamos buscar uma resposta por toda nossa vida , sempre tentando decifrar essa charada que somos nós mesmos, sempre tentando conhecer algo que nunca se conhece.
Onde está o "Eu"? Está dentro de nós? Ele é algo único que existe dentro de cada pessoa? Ele é como uma alma ou consciência que todos temos e que nos faz diferentes de todos, que, apesar de tudo, nos faz únicos e nos molda desde o nosso surgimento nesse mundo? Existe essa 'essência' dentro de nós? Não sabemos, não temos como saber. Então nos criamos, nos buscamos em nós mesmos e em tudo.
Nos buscamos em nossos estudos.
Nos buscamos em nossos trabalhos.
Nos buscamos em nossos prazeres.
Nos buscamos em nossos gostos.
Nos buscamos em nossos ódios.
Nos buscamos em nossas criações.
Nos buscamos em nossos amigos.
Nos buscamos em nossa família.
Nos buscamos em quem amamos.
Nos buscamos em nosso passado.
Nos buscamos no que deixamos para o mundo, depois que já não existimos.
Nós nos buscamos em tudo. Tentamos formar uma louca colcha de retalhos, para então poder nomeá-la de "Eu". Porém nunca conseguimos isso, raramente alguém consegue. E aqueles que conseguem pagam um preço, eles estacam, acabam virando prisoneiros deles próprios. Pois sempre estamos a mudar, estamos sempre a nos tornar outras pessoas. Numa óbvia citação, somos verdadeiras metamorfoses ambulantes. Aqueles que não são, apenas se tornaram prisoneiros da própria imagem que criaram deles próprios.
Todo dia acordamos como pessoas diferentes das que éramos no dia anterior, mais velhas, carregando as mesmas marcas e as mesmas cicatrizes, porém diferentes, sempre diferentes.