Intento

Vanderli Granatto

Não, não me digas que estou louca. Louca há muito, já estou.

Carrego nos ombros a culpa. A vida se modificou.

Os dias seguem intrépidos. O mundo não consegue reverter.

Há loucura instaurada, em todo modo de viver.

Quero também soltar as amarras. Ir para um mundo só meu.

A voz já perdeu o sentido.

Nada mais importa. Importo os sentidos meus.

Obstáculos à frente? Só uma pedrinha a mais.

Se a chutar pro lado. O que de mim sobrará?

Caminheiro, caminhante, não aprende a lição.

O saber não chega às mentes. Existem mentiras pra valer.

Passo a passo quero seguir pegadas que encontrei.

Quem sabe por esse atalho encontro, o mundo que é só meu.

Cantando ou chorando, chego as raias da insanidade.

Se eu não me modificar, que importa pra você?

O importante está em mim. Posso modificar o modo de enxergar.

Pois que o cego também é guiado pelo apelo da mente.

Seguir é preciso seja do jeito que for. No desespero da hora,

ninguém aprecia levar um fora.

Não sei qual o caminho, mas sigo em frente,

almejando somente o bem, nisso sou transparente.

Nada levo nas mãos, somente na mente, a semente.

Digo que o pouco me contenta.

A força irrestrita de continuar sendo do bem. Alimenta.

Tantos caminhos! Desertos, abismos, ventos.

Chegarei ilesa ao meu intento?

Vanderli

Em 09/02/2017

Botucatu/SP