A Sambista de Ipanema
O pé da rainha de bateria
de pele e lantejoula
veloz
mal se vê
brilhava e bailava
Enquanto o samba gritado pontuava a melodia
estava nua
não fosse a pena
No meio do penacho
nem ave, nem anjo
apenas músculos e trincas
escorre o suor
no grito do refrão pude ver seu rosto
sorria,
os olhos brilhavam,
o cabelo era comprido e preso pela coroa de pena
Porém, seu rosto desnudava o contrário da garota de Ipanema
que pena!
artificial
a voz, o corpo
tudo esculpido e criado com esforço
muita maquilagem e ajuda da ciência.
Sem talento ou inspiração
Tudo longe da canção
sorte a minha estar longe
e gozar meu feliz anonimato,
pois se aquela musa me pega,
quebra-me em uma centelha.
Mas afinal, alguém aí viu a garota de Ipanema?