Os dias mais tristes...
Os dias mais tristes, as noites mais densas, a esperança lutando para se manter de pé. “Ahhh” é o grito interno que não sai, nas lagrimas extravasa a dor que não quer sair, vontade louca de explodir.
Olhando pela janela, vendo o movimento do mundo, não consigo entender porque não consegue. Porque esta dor parece tão grande que tira qualquer motivação de se projetar para além de onde está. Solidão ficou. Ela se enganou quando achou que indo embora eu ficaria melhor, quando saiu pela porta não percebeu que sorrateiramente a solidão entrou e em tudo se instalou.
A alma grita a cada passo, como se a imobilidade causasse dor e a mobilidade fizesse sofrer. Carregado de memórias, lembranças boas que agora parecem o inferno particular, dominado por esse monstro solidão que agarra as minhas pernas e prende minhas mãos.
A luz que entra pela janela, consumida pelas densas trevas do meu sofrimento interno, não ajudam em nada, pois ao olhar por ela ao invés de esperança, encontro apenas o que não tenho e o que já não sei se tenho forças para ter. Não que o “ter” me iluda no que sou, mas numa crise de ser, acredito que não tenha por não ser.
E então ela se foi, resta apenas o rastro das lembranças que estão soltas no ar, e eu vejo os vultos em cada cômodo. Onde os sorrisos pareciam eternos, minhas lagrimas molham o chão frio. Onde eu vejo nossas antigas canções, nossas danças mais sublimes, apenas ficam o meus soluços incontidos e desesperos mais sombrios...
A vontade de quebrar tudo é apenas porque não contenho mais em mim a vontade de quebrar as memórias, as lembranças, os sorrisos, as alegrias, coisas que agora amargam na boca, cegam os olhares, escurecem a vida...