Cor de Mel

Eras pequena. Tão pequena. Eu ainda lembro quando chegastes em casa toda mofina; recém-nascida no sofázinho branco ; a pele de chocolate e os os olhos cor de mel. Anos imaginando que jamais encontraria um amor tão forte.

Os meses foram passando. O nosso tempo foi ficando curto. Talvez, nós não conseguimos criar aquele laço. Lembro das vezes que "brigava" comigo por qualquer coisa. Parecia "ódio", mas era a minha alegria. Sozinho, mesmo sabendo que eras interesseira e faceira, querias um pouco do meu colo na cama e dormia como um anjinho, apesar do meio-olhinho aberto.

Eu fui embora. Minha maior companhia parecia ter ficado tão longe de mim. A vida ganhou minhas vozes pelas paredes. Elas viraram as confidentes. Ao dormir, sinto a ausência do cheirinho.

E ela ganhou uma nova companhia, branquinha, cor de neve. Era prometida de morte nos primeiros dias. Viveu diante do eterno verão. As duas viraram as melhores amigas, fiéis. A diversão deveria ter tomado conta a vida de casa das almas mortas.

Um dia, elas foram embora como nevoeiro. Não tive a chance de olhar no fundo dos olhos e dizer o quanto amava. Os mortos só queriam levar as almas ao inferior, já que sabem que a vida não terão mais. Perdi meus amores nas lágrimas de um rio em chamas.

A minha cor de mel e a branquinha de neve, que saibam o quanto amo e não pude estar perto para defender. Desculpem não poder mais olhar nos olhinhos de vocês.

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 23/02/2017
Reeditado em 24/02/2017
Código do texto: T5921880
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