Tique-taque
Passam-se os minutos... (tique-taque). Um minuto se foi. E no tempo de um minuto existe o mundo que acabou. Passou outro minuto, se perdeu. Mais uma pele que cai do mundo. Cai outro mundo. Outro minuto, e o mundo acontecendo dentro dele. Vidas inteiras. Esqueço o relógio. Ele me endoidece. Nada faz sentido - como pode dentro de um segundo haver tantas vidas morrendo e nascendo? Passamos com o tempo ou passamos pelo tempo?
Imagino que passemos pela mão do tempo,e simbolizo como folhas mortas ao vento. Sim! Todos mortos. Matéria que se renova pelos olhos nossos de artista; um cosmo indefinido, defino em força, compactuado a si mesmo, não-determinado, sem finalidade, matéria morta esculpida pelas mãos do tempo, o Grande Artista. Não será nós Os que se chamam Universo, os que realmente passam, somente? Escuridão! Nada de outras dimensões, outra vida: outros "eus", muito menos Eu Interior (Deus). Tudo está morto. Mas então...
Cai a Eternidade! Silêncio. Meio-dia! Abrimos os olhos de novo.
Existimos dentro de um tique-taque do tempo-do-mundo que criamos... O mundo somos nós, não é assim que aprendemos os mais espirituais, não somos o universo? Mas o Tempo abriu-me a boca de horror! Sussurrou num bafo sem esperança, uma ideia louca que não começa mas finda: Tudo finda. Nada começa. Tudo se reorganiza. Hãn? Calma... deixe a dúvida e a confusão pairar como uma bruma de um sonho mal fixado. São muitos os sentidos. Continue, é raro você pensar. Respiro. Fala comigo: Tudo foi. Quem disse que chegou a começar? Começo? Não é o tique-taque que contamos? Mas calma... deixa as ondas deste mar estranho lhe acalmar. Não é com a fala que quero falar. Agora pensa: Eternidade-temporal? Finitude sentida infinita no tempo. É isso mesmo que sinto dizer-me? Eterno enquanto dure?!
Tudo foi, nada é e tudo será! Só o que começa e acaba é o nosso tique-taque...