Diário Solto Secreto
Pela noite, deito-me em minha cama e com vários papéis vazios escrevo em palavras tortas e versos os meus maiores desejos. Tornou-se o meu refúgio quando a voz fica muda, seca. A sensação de estar somente comigo mesmo, cria um espelho entre o meu eu.
Ontem, ao relembrar minhas escritas, encontrei folhas que falavam de um certo alguém por quem me apaixonei. Em minhas linhas, eu dizia: "por trás daquela farda branca, a ânsia e o desejo de ter o teu abraço; o beijo roubado e simples". Naquele momento, relembrei os meus momentos românticos de como queria viver as intensas paixões. E que minha mente prestava-se somente a isso. Rever foi encontrar minha antiga sinceridade.
Em outro papel, eu leio com uma certa ternura: "quando tu me mandas aquelas mensagens, meu peito parece explodir. Pulso de vontade de falar o que sinto". Ao analisar, vejo o quanto era amoroso e que a vida parecia uma luta diária para viver isso. A releitura de uma paixão platônica e encarnada.
Com tempo, as borrachas tomaram em mim a necessidade de levar as coisas para frente: "nessa última escrita, prometo em mim apagar as palavras lindas que usei. Desaprendi na paixão que tornei um ser só". As letras foram sumindo aos poucos do meu diário solto secreto. Como se não lembrasse mais de nenhuma história platônica que vivi. Apenas ficou o vazio. A certeza que nada mais existe.