Abundante Graça
“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. ” (2 Coríntios 12.9). Paulo escrevendo para a igreja de Corinto, revela como Deus respondeu a sua oração. Ele pediu, clamou para que Deus tirasse um espinho que estava em sua carne, não se sabe ao certo o que era esse “espinho” que Paulo cita em sua segunda carta aos Coríntios, mas entendemos que era algo que o incomodava muito, trazia profundo sofrimento e dor. Fica claro que Paulo era totalmente dependente de Deus. Aprendemos algo muito importante aqui, se prestarmos atenção em como Paulo reage a essa resposta de Deus, ele não questiona o porquê de tanto sofrimento, mas ele entende o que Deus disse e muda o seu posicionamento diante de seu sofrimento. Paulo passa a reconhecer que realmente é fraco e através da sua fraqueza é que Deus manifestaria o seu poder.
Precisamos entender que Deus também diz não – No versículo 7 Paulo vai dizer que esse espinho lhe fora dado, para que não se gloriasse pelas grandes revelações que Deus o permitiu contemplar. As provações que passamos são necessárias e Deus é quem dá a autorização para que nos alcances. Deus ouve o clamor de Paulo, mas mesmo vendo o tamanho do sofrimento daquele que fora um dos homens mais importantes para a propagação do Evangelho de Cristo na terra, diz “NÃO”. Porque Paulo precisava experimentar da graça e com isso reconhecer que tudo que já havia feito pelo evangelho, não era por sua capacidade, por sua inteligência, por sua influência ou pelo seu conhecimento, mas única e exclusivamente pela graça abundante de Deus. Não que Paulo não fosse inteligente o suficiente, mas porque ele precisava entender que o poder de Deus se aperfeiçoava na fraqueza dele.
O homem se afastou de Deus, do seu Criador e não percebeu isso. Ninguém nunca orou pedindo salvação, nunca ninguém reconheceu que necessitava de ser resgatado. A salvação foi ideia de Deus, Ele nos amou primeiro e por iniciativa própria decidiu enviar seu Filho, para que através Dele alcançássemos a salvação, para que através Dele fossemos libertados do pecado e da morte. Jesus é a expressão máxima da graça. Graça é isso, favor imerecido, um presente que não merecemos e que nunca pedimos, ela apenas alcança como um vento que é soprado em nossa direção. Inácio de Loyola escreveu: “A experiência direta de Deus é de fato graça, e basicamente não há ninguém a quem ela seja negada. “ Deus jamais recusaria alguém, pelo contrário, o desejo Dele é que os que estão cansados e sobrecarregados venham à Ele e venham como estão.
A graça revela quem Deus é e quem nós somos, a graça nos alcança sem merecermos, a graça nos alcança quando ninguém mais pode nos alcançar.Assim como escreveu o teólogo alemão Paul Tillich ao comentar Efésios 2.8-9 [Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie]: “A graça nos atinge quando estamos em grande dor e desassossego. Ela nos atinge quando andamos pelo vale sombrio da falta de significado e de uma vida vazia.... Ela nos atinge quando, ano após ano, a perfeição há muito esperada não aparece, quando as velhas compulsões reinam dentro de nós da mesma forma que tem feito há décadas, quando o desespero destrói toda a alegria e coragem. Algumas vezes naquele momento uma onda de luz penetra nossas trevas, e é como se uma voz dissesse: 'você é aceito, aceito pelo maior do que você, o nome do qual você não conhece. Não pergunte pelo nome agora; mais tarde talvez você descubra. Não tente fazer coisa alguma agora; talvez mais tarde você faça bastante. Não busque nada, não realize nada, não planeje nada. Simplesmente aceite o fato de que você é aceito'. Se isto acontece conosco, experimentamos a graça. ” É isso mesmo, somos aceitos por aquele que é maior do que nós, não devemos fazer melhor do que Ele (até porque isso não seria possível). O Que devemos fazer e acredite, isso é o melhor que podemos fazer por nós, é aceitar que somos aceitos.