Houve
Será pura mentira se não falar do que sinto, será meu auge de mentiras ambulantes, será tão certo que irei rir do espelho quando ver o rosto vermelho negando ser o que o é,o que sempre foi. Irei rir das mãos trêmulas,da barriga gelada,da poesia das doze,das cinco, da madrugada. E quando decidir falar,irei negar,mas até a velhinha que senta na varanda irá perceber,como o som sai da minha boca e vem a perecer. Há quem diga que os olhos impressionam,mas existirá um amanhã ressequido que nem o maior leitor do silêncio saberá do meu segredo, de como é solitário por dentro,como a casa é varrida e doida,ele irá embora e não haverá outrora que chegue, e na porta verniz,existirá uma raiz perto da ração,e alguém escutará como fica o coração quando diz não, não faz tum-tum,nem fala,perde a voz,morre aos poucos de vez. Há quem diga que existe vida após a morte. O coração virou adubo no peito,nasceu rosa e espinho,mas amor nem se ouviu falar. Nas redondezas da cidade tudo virou jardim, não houve começo nem fim,apenas houve.