CIRCUNSTÂNCIAS

A prioridade e preocupações de qualquer governo é reconhecer as circunstâncias não apenas regionais, nacionais e internacionais do mundo comum, também, da situação atual do país, sua história e as dimensões das questões que terá de abordar, elucidar e delimitar sobre contextos de verdades inquietantes na sociedade, para melhor produzir e servir ao interesse público da nação.

A riqueza principal de uma nação é a educação, como pré-requisito essencial para a prosperidade e um compromisso fundamental da sociedade, criando cidadãos conscientes do funcionamento da democracia, no crescimento da economia e na produtividade, intimamente e diretamente ajudando a criar o futuro do país.

Em meio a uma crise política, econômica e social sem precedentes caracterizadas por turbulência, incerteza generalizada e ansiedade com um grande núcleo de homens e mulheres permanentemente desempregados e subempregados, especialmente de pessoas mais jovens sem a perspectiva sobre o futuro do trabalho, antecipando um futuro de oportunidades diminuídas, enquanto a tecnologia está avançando em um andamento geometricamente acelerado.

Diante da grave situação de desempenho e desconfiança política, melhoras a curto prazo são imprevisíveis, com projetos que exigem um amplo financiamento público, que, atualmente são considerados impraticáveis.

As instituições brasileiras não parecem refletir na diversidade da população alterando-se em todo o território nacional, sobretudo, no nordeste, com instituições sociais, as organizações comunitárias e religiosas e a família se desintegrando, em meio à incerteza quanto aos valores comuns, com segmentos da população constrangida em viver numa sociedade sem valores identificáveis, incapazes de instilar valores pessoais e morais nas novas gerações. Concomitantemente, e por uma variedade de razões, a população tem perdido confiança em seus representantes e em suas instituições públicas exigindo mais transparência, responsabilidade e o envolvimento da cidadania diante da nação.

Na dimensão humana, as escolas, pouco ensinam o que valha a pena aprender.

As escolas espelham a sociedade na qual funcionam, refletem a insegurança, incerteza e falta de autoconfiança, e se concentram no acúmulo de conhecimento, que não é útil se não tem aplicação, e no sucesso de curto prazo, seguindo padrões antiquados e ordenações gradativamente mais incertas, cujos objetivos não são mais claros.

Estudantes colocados em classes desnecessárias que não usarão no mundo real, em lugar de aprenderem classes praticas em como gerir o seu dinheiro e cursos que serão importantes para a sua vida cotidiana após o ensino médio, sem ensino básico de como ser um adulto, estão despreparados para o que vem depois, para a vida após a escola.

O ensino escolar, também, deve inserir em seu currículo a vasta influência da cultura e da natureza humana, educando sobre os bens imprescindíveis e as coisas que podemos prescindir, denotando o cultivo de valores, invés da acumulação de riqueza, ensinando sobre os contrastes entre a riqueza e a pobreza, distinguindo a fome do pão da fome do amor, motivando os alunos a tornarem-se em adultos completos. Em especial, em compartilhar o valor do amor, do contentamento com o pouco, e da luz e alegria de não precisarem de riqueza material para serem felizes, que todos merecem dignidade, não importa quão pobres ou arruinados estejam.

Quão grande é o pecado das instituições pelo desequilíbrio de classes e a miséria infligida aos pobres, ignorando a medida de sentimentos da gente contingente do predicamento de uma existência de árduo labor, privações e negligência! Contrastantemente, como é desanimador o sentimento de auto-negação do pobre por sua contingente carência de recursos!

Apaziguando a consciência, o ato da caridade não vai além da evasão no auxílio ínfimo e imediato, em lugar de reconhecer o infortúnio do paupérrimo e buscar solucioná-lo, perpetuando o sofrimento e dissuadindo o ânimo do necessitado, e ao mesmo tempo, permitindo ao abastado a continuar sua vida desassossegado da aflição do indigente que, em sua urgência, pressente Deus como o pão de cada dia.

Vivemos numa irrealidade de rótulos de uma sociedade habituada e viciada a inferir o mundo em termos de classe, uma humanidade destituída de clareza em seu propósito, prioridades, ordenações e compromissos, convivendo no mundo comum, onde uma minoria acumula imensas fortunas e a vasta multitude labora arduamente toda sua vida tão-somente pelo suficiente para uma existência miserável. Apesar disto, classificam o degradado de estúpido e preguiçoso, quando a instituição financeira do país não os auxilia a ampliar seu amparo econômico. O destituído rouba algo de um rico, põe-lo no cárcere como ladrão. Todavia, à quem, realmente, pertencem os inúmeros bens, a exuberância e a soma das coisas adquiridas pelos abastados?

Sem nenhuma expressão de reconhecimento pelo grau de violência da pobreza, os discursos parlamentares proferem a carestia para os cofres públicos em prover o mal atendimento médico e social a pessoas pobres em um país como o Brasil.

A sociedade é dividida entre aqueles que não têm nada, unidos no desejo comum, e aqueles que têm algo, unidos no sentimento de preservação e no pavor de perder seus bens e, sua indiferença supera em muito a miséria dos pobres, por não compreenderem que a grande desventura do homem é não conhecer a si mesmo.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 12/02/2017
Reeditado em 16/04/2017
Código do texto: T5910751
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