Céu distante
A vida segue, os pensamentos chegam em sua vontade insistente de me dizer que sou anormal demais. Queria tapar meus sonhos, olhar somente de cima... assim talvez teria mais sabedoria, todavia aqui estou parada num solo... vendo tudo com os olhos arregalados, mas sem atitude para conhecer as alturas. Por que justo eu... Deus, meu? Amastes-me tanto que me deixais pensar que sou a sua favorita, ok.. não sou, mas queria ir ao céu, descobrir que o azul é realmente infinito, que as aves voam sem saber o fim (que inveja estou delas).
Não sou as aves, estou aqui, no solo, duro, grosso, insensível. Deus meu, eu falando da insensibilidade do chão, mas ironicamente talvez mais insensível seja eu mesma... em agradecer menos e querer ser a favorita ainda sabendo que o senhor ama toda a humanidade da maneira mais geral e particular, pela qual em sua dimensão a chamamos de um amor único.
Bom, não quero questionar, o amor de Deus por mim, ou mostrar o meu pecado expresso em tamanha ingratidão em questioná-lo, mas é que queria voar de cima. Lá está a sabedoria, o discernimento, o certo, ou seja lá o que for que me engrandeça. Quero ver melhor o horizonte exergando que as casas que estão no chão, as paisagens de baixo são minúsculas. Quero descobrir que lá é meu lugar, que a plenitude de minha felicidade more naquele azul intenso.
Quero tudo, quero agora.. e perdoe, Deus meu... por essa filha querer demais, mas porque me destes esses olhos? Hoje as reflexões perturbam meus ouvidos, e o pior é que eu nem sei como sair do chão, ainda que a vontade de chegar ao céu ocupe demais os meus pensamentos, estou aqui, como uma folha caída ao vento, indo para todos os lados, cantos, espaços, mas sem nunca chegar as grandezas do céu.