Foi devagarzinho
Se achegou devagarzinho
Assim, bem de mansinho
Se aconchegou no coração
Era como quem não quer nada mesmo
Mas, totalmente me querendo
Impossível enganar qualquer cristão
Puxou papo, fez as vezes de amigo
Conversou muito comigo
Mas queria mesmo era a minha mão
E eu, que como não sou boba nem nada,
Sabia muito bem
Qual reza queria aquela alma
Mas, veja só, eu confesso
Por amizade, logo me interesso
De outra coisa, muito afim eu não ‘tava, não
O tempo foi passando
A gente, cada vez mais, se aproximando
A cada conversa eu via como lhe acalmava o coração
Tinha coisas que queria me relatar, mas não podia
Havia um medo e eu percebia
Sinto muito, seu moço, mas ingênua num sou, não
Todo dia, era mais papo
Eu me esquivava de remanso
Me apegar, queria não
Mas, dado momento não deu outro jeito
Porque ele, com todo o respeito,
Soube ganhar meu coração
A desculpa era o convite para um vinho
Me tratando com desvelo e carinho
O cabra soube conquistar meu coração
Aí, então, não pude mais negar
Eu tive que aceitar
Era o meu príncipe que acabara de chegar
Não pude mais resistir ao convite
E, na orla do Lago, dia seguinte
Um vinho fomos tomar
Naquela noite, taça vai, taça vem
Daí, eu pensei: “Por que não beijá-lo? Por que não beijá-lo?” E sim, o beijei
Desde então, cada dia só mais me apaixonei