Contemplando o belo...

O que é belo pra vc?

Muitas vezes estamos bitolados ao que é belo simples e puramente no tocante ao que diz respeito o que é superficial.

Mas no tocante a sensibilidade, o que lhe é belo?

Vc veria beleza numa parede rachada?

Eu veria... pensaria, quem fez essa parede? Com que propósito ela foi construída? Quanto tempo ela está construída? O que motivou a rachadura?

Pelo menos essas quatro indagações viriam a minha mente observadora do belo...

Quanta beleza poderíamos ver em pensarmos no construtor da parede... como estava seu coração ao construí-la, qual a motivação para construí-la?

Se pensarmos que poderia ser a parede de sua casa, construída para sua família... visualizaríamos os momentos de unidade familiar, as refeições, natais, aniversários, o nascimento dos filhos, os tempos de tanta beleza na estrutura de um lar... aquela parede também nos remeteria a proteção, o cuidado de um homem com o conforto de sua prole... o tempo em que aquela parede foi o limite entre o frio e o calor, a violência e a paz, o inseguro e a segurança, o ódio e o amor... mesmo uma parede que com o tempo e o desgaste natural das coisas veio a rachar-se, porém há beleza nas rachaduras pois elas são sinal evidente de que ali por muito tempo houve a pressão de uma estrutura que fundamentou um lar para um grupo de pessoas que tiveram onde se abrigar... e existe algo tão belo quanto um núcleo familiar bem abalizado?

O que dizer das belas rugas em um rosto?

De quem é o rosto? Quais foram os propósitos que fizeram com que as rugas aparecessem? Quanto tempo as rugas sinalizam que aquele rosto antes de estar marcado por fora, estava marcado por dentro? O que motivou as rugas?

E se as rugas forem do rosto materno? Veríamos beleza nelas? Quantas delas foi por minha culpa?

Os vincos da preocupação na face amada, teriam sido debalde, ou seriam as obras de arte do escultor chamado tempo.

Num tempo onde se prima pela perfeição do estereótipo, você poderia achar beleza nas rugas?

Sim. Há uma beleza ímpar nas rugas da face de quem ama e é amado.