O CAMINHO DE VOLTA
Quem nos curará da sensação de orfandade? Quem aliviará as cargas do intenso vazio? Quem nos socorrerá do fundo de poço emocional, quando somos levados cativos, sem direito algum?
A casa cheia não garante senso de pertencimento. As mãos dadas não asseguram completude. O abraço, muitas vezes, não traz o devido gozo cabal.
A comunidade, por vezes, atenta-se aos membros mais importantes. Nos aglomerados, podemos ser somente mais um na multidão. Em família, nossas lãs, antes alvas, se tornam negras. Se outrora ovelhas, hoje bodes e cabras.
O autoconhecimento torna-se essencial em tempos cinzentos, visto que uma auto-imagem distorcida é semelhante ao terreno sem cercas. Quando as portas estão sem trancas, as expectativas pela consideração alheia aumentam e os tremores de "terra" sinalizam a nossa ruína.
O sofrimento pode ser uma escola de vida ou nos fazer amargar o isolamento. Quem assumir o papel de coadjuvante deixará vaga a função de protagonista. Se não assumirmos nossos papéis, outros atores não o farão.
O nosso equilíbrio, por fim, chegará, dispensando afagos superficiais e adulações ocasionais. Assim, apenas agradeceremos ao Criador as graças concedidas, mas também, aceitaremos, com serenidade, as graças não alcançadas.
Esse é o caminho de volta.