Arvore do amor

Ainda lembro daquele verão, de como sentia que o sol voltava a encontrar minha pele, de como o oxigênio entrava em meu corpo e o fazia estar vivo novamente, em que sentei de frente aquela imponente arvore, que um dia já representou a felicidade retornando à anos difíceis em minha família e que agora eu buscava um novo significado a ela. Com caderno na mão e disposto a ter inspiração aquilo que sentimos. Lembro de seus galhos e troncos grandes, seus troncos eram escuros e trazia um ar sombrio para arvore como se ali esteve uma arvore morta, mas suas folhas eram verdes e vivas. Aquele ar de morte na vida transmitia exatamente tanto de nossas vivencias e captava a essência de nos como indivíduos, frente a nosso sentimento. Lembro de quando segurei o machado em minhas mãos pela primeira vez, fechei os olhos e pude sentir aquela paz que tiverá naquele verão passado. Estava eu no mesmo lugar, agora com raiva, agora disposto a acabar com tudo aquilo. Me faltava coragem de disserte tudo aquilo que estava passando pela minha cabeça ao longo dos meses, todas as vezes que me senti sozinho, todas as vezes que não vi sentido em minhas palavras, que não vi sentido em nossos dias juntos, todas as vezes que busquei maneiras de melhorar a gente em vão. Eu preferi derruba-lo. A cada tronco caído a raiva e a dor me faziam bater ainda mais forte. A cada folha no chão eu sorria como se fosse uma libertação. Por fim só restou aquela grande circunferência do tronco do que fora um dia aquela grande arvore, aquele grande sentimento. O tempo o apodreceria e foi assim que ele fez. Claro que durante muito tempo o solo ao seu entorno ainda era fértil, era vivo, ainda havia toda a lembrança do que aquele sentimento representará, mas aos poucos ele foi se perdendo junto. Quatro estações se passaram e eu estava lá no mesmo lugar, agora a inspiração que fora substituída por um machado é substituída por uma marreta. Cabo longo, 10 kg, bico pontudo. Tao podre, tão sem importância, mas ainda a cada batida nele a felicidade era a mesma de quando o derrubei e de quando o vi cair. Então quase em câmera lenta a cada batida, a cada pedaço que caia e os seus pequenos pedaços de madeira voando pelo ar, indo a outros destinos, tomando o meu corpo e caindo novamente no chão, era uma libertação de tudo que ainda me fazia me libertar de qualquer pensamento que ainda me ligava a acontecimentos do passado. Por fim um grande buraco. Que como modo de esquecer será concretado de forma a lembrar que nada disso nunca deveria ter acontecido.

Bettanin
Enviado por Bettanin em 08/02/2017
Código do texto: T5905956
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