Andanças

Faz parte do caminho perder-se de vez em quando.

As vezes parece que só a gente não sabe para onde está indo e que todo mundo tem uma rota bem clara de onde ir e como chegar.

Faz parte do caminho tropeçar nos erros, fazer escolhas ruins, dar a mão para quem vai metralhar o nosso coração lá na frente.

As escolhas fazem parte da vida e ao mesmo tempo em que elas acabam com nossa sanidade no momento de decidir algo importante, também dá um certo alívio saber que podemos escolher entre uma coisa e outra.

Faz parte do caminho perder-se de si mesmo e vagar a esmo por corações desconhecidos, sem sentir nada além de indiferença.

Nós somos uma estrada infinita de descobertas e indagações, ruas sem saída.

Estamos em uma busca sem fim de nós mesmos e procuramos no externo o que está dentro, por isso nossa eterna insatisfação.

Faz parte do caminho dançar sozinho de vez em quando, as vezes é bom colocar um rock pesado e se descabelar, extravasar, gritar em um microfone de papel e tocar uma guitarra imaginária. E depois, só rir de si mesmo.

Em breve seremos apenas um retrato na estante, seremos lembrança distante na mente de um amor que passou.

Seremos a canção de nós mesmos. Trilha sonora divina.

Como qualquer viagem, é necessário parar para descansar, apreciar a paisagem, sentir o cheiro do lugar.

Tirar os sapatos, tocar a grama com os pés. Sentar na areia, se misturar com a água do mar.

Mergulhar a cabeça na queda de uma cachoeira, até perder o fôlego sentindo o corpo congelar.

Fazer parte do todo e sentir o universo inteiro pulsar na alma, como se uma estrela nascesse dentro do peito, numa explosão de reconhecimento, de ser peça integrante e fundamental de todo esse mistério chamado vida.