Espelhos
Nós somos um oceano repleto de mistérios.
E se afogar na gente mesmo é muito fácil.
Trazemos tanta bagagem numa mala invisível chamada subconsciente, que nos surpreendemos quando achamos alguma coisa ainda com etiqueta.
Nessa mala tem tantas vivências, experiências, amores, dores, saudades que insistem em morar na gente sem dar nome.
Sabe quando você sente uma saudade apertada e nem sabe do que ou de quem ou de onde?
Trazemos tantas passagens, personagens, mocinhos e vilões. Tudo junto! Já tivemos tantas faces, que quando descobrimos uma fraqueza ou uma virtude, é como desvendar uma parte do quebra cabeça que somos.
Nossa maior missão aqui na Terra é desvendar a nós mesmos. Quantas vezes temos medo de ir um pouco mais fundo em nossas emoções por achar que é profundo demais e dá um medo de não conseguir mais voltar.
Nos encarar é mais difícil do que encarar a própria vida.
A vida é um emaranhado de sucessos e frustrações. De buscas e vazios. E nós, somos um gaveteiro gigante. Abrir essas gavetas significa se surpreender ou se decepcionar e não abrí-las, significa estagnar em nossa solidão, em nossa imensidão obscura.
É andar no escuro, sem saber de onde viemos ou para onde vamos e mesmo assim continuar andando, porque trazemos uma bússola na mala e um gps no coração, que as vezes nos mete em roubadas, as vezes nos faz dar uma volta imensa sem necessidade e as vezes nos leva direto ao lugar certo.
Existe uma chama divina dentro da gente, a tal centelha divina, que mesmo quando parece estar apagada, de alguma forma sabemos que ainda resta uma fagulha que nos mantem respirando e seguindo em frente.
Isso se chama esperança.