Todo dia lixava um pouquinho...

E na pracinha...

― Vamos João, vem jogar bola, tá faltando um.

E João baixava a cabeça e lixava mais um pouco.

A noite vinha chegando e ele falava baixinho para o seu irmão enquanto empurrava a cadeira...

De rodas...

― Tá quase pronto mano.

De madrugada...

Na madrugada...

Suando e com olhos pequenos.

― Mano! Acorda.

Ele senta na cama esfregando os olhinhos, sorri para seu irmão gêmeo e passa a mão no seu presente.

Feliz oito anos mano...

Mais que de presa a Lua e as estrelas correm deixando o Sol de pijama espiando aqueles dois meninos sentados perto do campinho...

Esperando...

Nisso...

Vem João tem vaga pra dois...

E depois de tabelinhas entre dois e três gols...

E sem que ninguém soubesse, um dos meninos grita:

― Mas não é possível, alguém segura este perna de pau...

Eles voltam sorrindo... Para casa...