O que somos?

O que realmente somos? desde a tão citada grécia antiga, os seres humanos buscam responder a perguntas que transcendem nossa capacidade de resposta. Quem nós somos? Para onde vamos? Qual o sentido da vida? São perguntas repetidas e cíclicas, as quais cada um responde no seu interior, ou busca através de outras vozes. Poderíamos nos definir como um mero conjunto de células formados por um grande conjunto de átomos formando, por fim, uma grande estrutura sistêmica. Podemos dizer que somos poeiras de estrelas. Podemos olhá-las e ver o que fomos há milhões de anos atrás. Podemos ser os filhos de Eva. Podemos ser a evolução dos macacos. Podemos ser uma grande diversidade de coisas, histórias, experiencias. Porém, independente da resposta mais profunda, o que somos hoje, cada um? Qual a nossa definição atrás do perfil das redes sociais? Quem somos nós na entrevista de emprego? Ou na matrícula da universidade. Definições são complexas, e então simplificamos. Somos o curso universitário que fazemos, ou mesmo o lugar que trabalhamos. Somos o local que fazemos estágio, ou as matérias que aprendemos. Somos o carro que usamos, ou o ônibus que nos leva. Somos o bairro que moramos, a família que temos, os países ou estados para onde viajamos. A academia que malhamos. As músicas que escutamos. Somos um misto de tudo o que fazemos. Contudo, a grande questão é que, por trás de tudo, NÃO somos nada disso. Tudo isso talvez não passe de atribuições.

Quem somos nós, então?

E se, de repente, você não é mais o emprego que tem ou a faculdade que faz, nem a sua família ou os seus gostos; muito menos o seu dinheiro ou os seus bens. Quem então é você?

A maioria de nós não sabe responder. Nós não nos conhecemos. E, justamente, por não nos conhecermos, não nos procuramos. Quando estamos maus, tristes, não tentamos nos consolar. Buscamos apoio no outro. Postamos e curtimos fotos no facebook. Mandamos mensagens no whatsapp. Ficamos no celular o dia inteiro esperando um "olá", uma novidade, um convite. Nos suportamos no outro. Não sabemos ser o nosso próprio consolo. E quando não achamos o outro, procuramos o algo. Estamos sempre em busca de mecanismos de evasão. O celular. O youtube. O álcool. A comida. A televisão. Porém não buscamos a nós mesmos.

Quando finalmente formos capazes de nos achar, poderemos ser capazes de achar um ao outro. E, até lá, caberá a nós nos encontrar conosco da forma que realmente somos. Sem títulos, sem impressões, sem aparências. Assim, tendo encontrado a nós, nós poderemos encontrar ao outro. Pois não veremos no outro o que ele mostra, mas o que ele é. Não ligaremos mais para o curso, para o trabalho, para a família, para os locais que ele conheceu, para o perfume que ele usa, para o dinheiro que ele tem. Olharemos ao que ele realmente é. E, então, amaremos-o da forma verdadeira.

Dessa forma, o amor de verdade é acompanhado de construção. E construção começa de forma íntima. Não se dá de um dia para o outro, ou em uma semana, mas em um processo. Um processo solitário que, a partir de certo tempo, pode ser duplo e coletivo. E então passa a ser verdadeiro quando um auxilia a construção do outro, e juntos se reconstroem e se formam cada vez mais concretos com sua própria identidade.

Depois de tudo isso, sim, somos capazes de amar qualquer um, pois vemos muito mais do que uma mera aparência.