Mendigo

Andando pela rua, sem rumo, vejo um mendigo sentado, segurando um cartaz que diz: “O amor anda precisando de gente.” Fiquei intrigado com essa frase. Sentei-me ao seu lado, peguei a sacola com pães quentinhos que havia comprado e dividi com ele. Ficamos sentados, em silêncio, comendo. Eu divaguei em reflexões. O amor anda precisando mesmo de gente. Mas de gente humana. Gente que queira amar. Que se permita amar. Que viva o amor.

Parece bem inteligente, contudo é apenas a minha dor falando. Em cada rua que passo, arrasto minha dor. Em cada dor fica sussurrado meu desabafo a vida. Em cada corpo que observo se mover, procuro encontrar sua própria dor. Em cada canto, eu trafego comigo sem sentido. Eu lhe peço um abrigo. Um refúgio para minha dor ser sentida ao máximo. “Esse é o problema da dor. Ela precisa ser sentida.” Sábio John Green.

É, meu caro amigo mendigo, hoje me assemelho a ti. Me sinto um mendigo de sentimentos.

É, meu caro, eu divido contigo minha angústia e o meu pão.

Apenas me ouça no silêncio

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 04/02/2017
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