Ser.

Desde quando as pessoas se tornaram tão falhas? Antes disso tudo era tão, tão bom... Antes de eu querer me transformar em algo que não era.

E sou? Sou isso no que queria me transformar? Sou? Acho que essa é a pergunta chave, é ela que me deixa dias e noites a fio sem dormir, sem nem descansar: Será que sou o que quero ser?

Primeiro preciso pensar: o que quero ser? Para depois vir a descobrir se sou isso. Porém, se penso no que quero ser, já admito de antemão que não alcancei ainda o dito objetivo - a frase quero ser pertence apenas ao futuro, e nunca ao presente.

Além disso, ai consultar meu cérebro em busca de respostas para o que quero ser, procuro soluções apenas ao pensar em outras pessoas. Exemplo: se eu penso que quero ser um juiz, meu único recurso para chegar à essa conclusão foi - observar outras pessoas como juízes e aceitar que é a vida delas que queria ter - ou formar um ideal do que é ser juiz e gostar dele. Mas, ainda assim um ideal com base em outras pessoas.

Tendo isso em mente, quando respondemos à pergunta: o que quero ser - estamos negando o nosso senso de individualidade, pois pensamos em nós como se fossemos outras pessoas. Seja um ideal, seja um ídolo, esta noção é sempre baseada em pessoas externas a nós mesmos.

E isto está certo? Abdicar de nossa individualidade para nos tornarmos outras pessoas? Além do fato que, se admitirmos que a pergunta - o que eu quero ser? - é válida, nós nunca obteremos uma satisfação com nós mesmos, pois a tendência é repetir e repetir a pergunta até se cansar dela: Até se cansar. Até desistir de ser algo, e começar a viver algo. Até parar de perguntar o que será, e começar a perguntar: o que sou?