O mergulhão.
Mergulhou o mergulhão, imerso nas águas verdes, mas não no verde das folhas viçosas nem cheias de vida!
É um verde amortalhado, um verde degradado, um verde feito ferida!
Mergulhou o mergulhão todo bicho,todo inocente! No espelho das verdes águas,
No verde dos poluentes!
Mergulhou a bela ave nos seios das coisas mortas, coitado do mergulhão! Será que ele ainda volta?
Emergiu o mergulhão a flor das aguas coloridas, com as suas penas pintadas
E suas asas feridas!
Seu bico nem aparece, até parece que sumiu foi o petróleo no mar ou o óleo que vem nos rios!
O sol deitou-se sobre o plástico que rutilava no mar, o pneu e o chinelo deitaram-se
No sofá.
A frente uma televisão ao lado um velho fogão e em cima da geladeira
Uma latinha solitária.
Um colchão sem companhia e uma rede feito mortalha!
Não é belo e nem bonito essas coisas no mar, é triste feio e fedido
O lixo que jogam lá!
Se não cuidamos da nossa casa, me diz quem é que vai cuidar? Além de ser nossa casa,
Outras vidas vivem lá!
Que tal criarmos vergonha e nos conscientizar! Zelar bem da nossa casa... Que é também o belo mar!
O mergulhão ficou tão triste! Com o peso nas suas costas, é mais uma mancha no mar é mais uma ave morta!
Era uma vez uma ave que se chamava atobá,
Voava livre no céu e vivia a pescar, alimentava os seus filhotes com os peixinhos do mar!