O garoto e a chuva
Eu acordei nublada tal qual o tempo lá fora. Eu acordei chuvosa, como as lágrimas que caem do céu. Eu dormi céu azul estrelado e acordei tempestade fria. Eu vi a luz do sol irradiar no céu e o abracei com minhas nuvens negras. Escorri pelos telhados e viajei no sussurro do vento, eu me parti em um milhão de fragmentos.
Não havia riso, não havia canção. Havia o lamento das flores que eu jogava no chão. Não vi cores, nem amores, sequer provei da chuva, amargos sabores.
Havia um garoto de braços abertos. Recebendo o choro dos anjos como se fosse uma bênção. Seu sorriso foi capaz de iluminar o céu. Ele dançava na tempestade. Seus pés saltavam e aterrissavam na água límpida, formando pequenas ondas. Ele ria e rodopiava, abraçando o choroso céu com seus pequenos braços. Recebendo a dor daquela chuva como se fossem velhos amigos, como uma mãe que consola seu filho.