Estou com preguiça das pessoas

Estou com preguiça das pessoas. Estranho não é? Mas, é assim que estou me sentindo. Talvez eu seja a pessoa mais chata desse mundo por preferir ficar numa noite de sábado debaixo de uma coberta e no Netflix a ter que sair para ver e ouvir as pessoas de sempre falando das mesmas coisas o tempo todo, coisas que já me cansei de ouvir e aí ter que soltar aquele sorrisinho falso só para não deixar a pessoa sem graça.

Estou com preguiça de conhecer novas pessoas. É que tudo está parecendo ser tão igual, é como se tudo fosse protocolado. Eu já sei que depois daquele “Oi, tudo bem? O que faz da vida? O que pretende fazer? ” Vem aquele “gostei de você” e aí vem os beijos, combinam outros encontros, que acontece pelo menos duas vezes na semana, se amam intensamente, fazem planos, e parece que aquilo vai ser pra sempre, até que o “pra sempre” deles acaba e depois vem aquela “hoje não dá, preciso ir a tal lugar” e quando se dão conta já tem duas semanas que não se vêm, aí vai entrando naquele esquecimento e puff... o que diziam ser amor hoje já não é mais nada. E sempre sai alguém machucado. Há sempre que goste mais e acredita naquele “pra sempre” mas é que ele sempre acaba, de fato.

Há quem diga que isso é medo de se machucar novamente, mas não é. O problema é que estou com preguiça de me permitir conhecer novas pessoas, preguiça mesmo, e não medo. Estou com preguiça de ouvir um “eu gosto de você” porque eu sei que não é verdade e se eu acreditar agora só vai resultar em mais uma decepção lá na frente.

Sei que em algum momento irei me permitir sentir algo novamente, talvez nem seja preciso eu permitir, porque na vida as coisas simplesmente acontecem. E de repente já estou em algum lugar por aí fazendo as mesmas perguntas de sempre a alguém, mas que seja alguém diferente e me surpreenda com novas resposta me despertando interesse. Alguém que quando disser “eu amo você” de fato ame. Alguém que me fará trocar minhas noites de Netflix para ir a um cinema ou parque, que seja. Alguém que não só me faça acreditar no “pra sempre” e sim faça com que ele exista de fato. Alguém que me cause frio na barriga, alguém que me olhe com o olhar mais apaixonado possível e que em meio a tantas companhias prefira sempre a minha.

Pessoas entram e saem das nossas vidas o tempo todo, mas nesse momento eu não quero deixar ninguém entrar, não quero que venham e façam aquela bagunça toda e vá embora como se nada tivesse acontecido, não agora que está tudo bem arrumadinho aqui dentro.

Hoje eu só quero pegar a minha chatice, uma pipoca, Netflix e me colocar embaixo da minha coberta e ser feliz, sem preocupações, sem medos, sem perturbações, apenas eu e eu.

Clarina Lima
Enviado por Clarina Lima em 30/01/2017
Código do texto: T5896971
Classificação de conteúdo: seguro