Os pássaros e a maré
Você surgiu como os pássaros que pairam nos telhados daqueles grandes prédios no centro. Não é possível vê-los, mas nós os escutamos ás vezes em meio a todo aquele alvoroço de carros na avenida. Você não me tocou com suas mãos, mas eu me senti tocada por você. É como se sua voz ecoasse dentro da minha cabeça sempre que vou dormir, sempre que deito a cabeça no travesseiro. Eu costumo fingir que você está ao meu lado me abraçando, me dando um beijo de boa noite.
É estranho criar expectativas em cima de algo irreal? Quer dizer, somos apenas bons amigos certo? Mas se somos apenas bons amigos, porque imagino você ao meu lado?
As suas palavras ás vezes me confortam sabe? Não importa quão ruim o dia seja, ele se ilumina quando recebo uma mensagem sua.
Te vejo online e me sinto aflita, com medo do que irá acontecer adiante... Será que devo esperar que você se lembre mim? Porque se eu sempre mandar a primeira mensagem do dia, talvez te assuste. Talvez você pense que eu acho que somos mais do que bons amigos, e aí você vai se afastar aos poucos. E aí então eu corro o risco de te perder antes mesmo de ter te ganhado.
Eu me sinto perdida no meio de todos esses caracteres, tudo isso me desequilibra, me tira a paz. É o que dizem sobre conhecer pessoas novas: Você nunca pode criar expectativas demais.
Mas eu criei, sempre crio. Porque você agora é a pessoa que mais me conhece, mas ao mesmo tempo não sabe nada sobre mim. E essa sensação de começo, de inocência, é algo que eu não quero perder.
Você surgiu como os pássaros que pairam nos telhados daqueles grandes prédios no centro. Não é possível vê-los, mas nós os escutamos ás vezes em meio a todo aquele alvoroço de carros na avenida. A questão é que se você é como os pássaros, então eu sou a avenida, o alvoroço. Sempre correndo demais, sempre intensa demais, sempre vivendo demais. A minha alma é profunda e tenho medo de que você possa se afogar. Só que eu nunca vou parar, então se você for ficar, tente se lembrar de que meus sentimentos são como uma grande maré. Fortes e consumidores. E marés não servem para ser bons amigos, marés são intensas demais para amores rasos.
Sabe, quando te vi a primeira vez, depois de todo aquele tempo apenas observando as vezes em que você ficava online, eu não conseguia parar de te olhar. Só o que fiz foi olhar. Olhei para você como um todo, não tinha como parar. E houveram momentos naquele dia, em que tínhamos finalmente nos encontrado, mas ao mesmo tempo nos perdido. Éramos amigos, mas também éramos algo mais. Éramos horizonte, mas também profundidade. Tudo isso, enquanto eu apenas te olhava, e quando chegou a hora de você ir embora, me perdi por não poder mais te olhar. Por não saber se deveria ficar feliz por sermos apenas bons amigos, ou triste por saber que nunca sairemos disso.
Agora, eu continuo imaginando que você está ao meu lado enquanto durmo, os beijos que você me manda em mensagens eu posso sentir. Tento aproveitar os momentos bons, e os ruins eu guardo numa caixa separada. Sei que nos veremos em breve, e nesse dia eu irei te olhar e te olhar, até lá seremos bons amigos, mas mesmo assim, ainda seremos só você e eu. Os pássaros e a maré.