O CAMINHO DA SABEDORIA
Há momentos da vida em que é preciso ficarmos no mais absoluto silêncio se quisermos, ao menos, escapar ilesos das adversidades que surgem em nossos caminhos; porém há momentos em que precisamos despertar, fazendo de nossa fala sincera e de nossa ousadia ferramentas poderosíssimas para quebrarmos o muro que obstrui nossos horizontes. O nosso agir em certos instantes é capaz de nos livrar de tantas armadilhas! Existem inúmeras armadilhas que são criadas para nos manter bem presos e sem chance de qualquer escapatória; há momentos da vida que corremos um grande risco de ficamos a mercê de uma causalidade que oblitera qualquer chance de transcendência. Às vezes há somos cercados por tantas adversidades, que ficamos sem condições de vislumbrarmos, com todo nosso ser, o que o horizonte das grandes promessas, envoltos em mistérios, podem nos sinalizar, na medida em que são revelados espetáculos tão magníficos! Mas quem é capaz de obter tamanho discernimento? Quem é capaz de sair do conformismo habitual que dilacera a existência de muitos? Pois somente aquele que resolveu trilhar os caminhos da sabedoria...A sabedoria é uma luz tão radiante, que é capaz de nos adornar nos momentos onde há grandes perigos e furiosas tormentas. Só quem está aberto a clareira que esta abre em nossas vidas, se instruindo com a força dessa dadiva, tem condições para estar próximo de Deus. Com grandeza de alma, prefere escutar os humildes de coração e desprezar os soberbos que nunca chegam a lugar algum. Ao invés de se deixar dominar pelo egoísmo, que limita os seus horizontes, prefere romper com as grades que o cerca em prol de uma vida onde a alteridade e a força da empatia se tornam uma preocupação permanente. Tal preocupação acontece quando respondermos ao apelo do outro, ou para usar uma expressão de Martin Buber, quando priorizamos uma relação mais verdadeiramente humana, onde uma ontologia da relação, EU-TU, se fundamenta de acordo com a disposição de cada um nós em nos aventurar no mistério que promana de uma outra subjetividade, ou melhor dizendo, de um outro ser (porém, sem que haja qualquer resquício da costumeira objetificação que caracteriza nossa sociedade!). É essa forma de relacionar-se, sem que haja uma efetiva relação objetal (onde os jogos de interesses são construídos), que a sabedoria vai se sedimentando, a tal ponto que as ações mais nobres se tornam possíveis, nunca deixando de lado a solidão de uma cuidadosa reflexão sobre nossa existência! Ser sábio significa trilhar um caminho de luz e entender que os demais caminhos só nos faz chegar a verdadeiros becos sem saída. Por isso, cabe a cada um de nós buscar discernir o que pode nos escravizar e, sobretudo, qual o caminho onde é possível alcançarmos a libertação de todos os males que nos espreita com suas ameaças.