Vida breve

E aí, quando me deparei com a brevidade da vida, já não sabia, ao certo, se viver seria realmente algo tão especial ou se, na verdade, seria algo entediante. Porque naquele dia, eu estava exausta de tudo, estava exausta de estar aqui, de existir. O cansaço que eu sentia era muito maior que qualquer cansaço... Posso dizer que foi muito mais cansativo que correr dias e noites a fio, que carregar uma pedra de uma tonelada até o pico de uma montanha, porque não era qualquer cansaço, era cansaço na alma. Eu já não tinha energia para tomar um banho, se quer, porque eu sei que enquanto as gotas de água do chuveiro caíssem sobre meu rosto, elas se confundiriam com as lágrimas que escorriam dos meus olhos e com cada pensamento que insistia em me perseguir. Me olhar no espelho passou a ser a coisa mais terrível da face da Terra, era simplesmente um castigo contra mim mesma, já que nem me reconhecia mais naqueles olhos, nem naquelas mãos, naquele rosto, que só exibia angústia e amargura. Só sei que fechei meus olhos e, quando vi, tinha me lançando de um prédio de andares infinitos. A cada andar abaixo que meu corpo caía, ia levando junto dele o único fiapo que me restava de esperança, até que meu corpo se chocou tão forte contra o chão que, por fim, tudo acabou ali mesmo. Eu abri meus olhos novamente e ainda estava ali, no quarto escuro, onde tudo começou, e respirei o mais fundo que pude. Sentia o oxigênio preenchendo meus pulmões, enquanto meu coração batia bem lentamente. Eu estava viva. E, enquanto isso, mergulhei novamente no oceano de mim mesma e percebi que algo diferente deveria ser feito. Afinal, eu tinha descoberto a brevidade da vida.

Amanda R Silva
Enviado por Amanda R Silva em 23/01/2017
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