Matrix (filme) X Nietzsche (Não pense que é, seja!)

No primeiro filme da trilogia de Matrix, lançado em 1999, é possível observar que Morpheus num cenário de luta idealizado em um mundo virtual treina Nill para “libertar a mente” do novato de suas antigas crenças.

Em dado momento, Morpheus lembra a Nill que ele não deve pensar ser e sim ser. Não pense que é, seja! (Morpheus). Adiante, Nill compreende a realidade posta diante de si, isto é, de que nem mesmo está respirando e de que o cenário do treino não passa de um programa de computador feito para esse fim.

Com a descoberta e quebra do paradigma das antigas crenças, Nill compreende a sua realidade e passa a modificar o próprio cenário (rapidez dos golpes) para satisfazer seu desejo; golpear Morpheus!

Nietzsche, em Assim Falou Zaratustra, enfatiza que por detrás dos pensamentos e sentimentos há um guia maior, que ele chama de “eu sou”; diz ele é o próprio corpo.

Para Nietzsche a vida aparece como uma vontade orgânica, ou seja, ela é própria; não unicamente do homem, mas, de todo ser, as células querem os órgãos querem, os tecidos querem, os seres microscópicos querem, não só querem como sentem e pensam.

Para Nietzsche é todo o corpo que quer, pensa e sente. No querer já se acham embutidos o sentir e o pensar. O querer é um afeto primário, que Nietzsche conceitua como vontade de potência.

No entender de Nietzsche, em cada ser existe a vontade de potência porque todo ser e toda célula quer expandir-se o quanto pode. Logo, cada ser microscópico que se encontra no espaço e no organismo quer mais potência.

A vontade de potência que se exerce nesses seres microscópicos gera uma luta, pois tal vontade de potência contida nesses seres só se exerce na medida em que ela encontra resistência. O obstáculo se converte em estímulo.

Decorrente do querer, da vontade de potência, cada ser microscópico luta na verdade por mais precedência em relação a todos os demais seres, contudo, jamais pretende aniquilá-los.

Morpheus no treinamento com Neo o ensina a “libertar” sua mente a fim de que ele possa compreender a realidade que o cerca. Em outras palavras, Morpheus faz Nill entender que ele pode mudar a sua própria realidade. Basta quebrar as antigas crenças e ser.

Em Nietzsche se viu que a vontade de potência existente em todo ser leva sempre a uma batalha pelo querer mais, uma batalha travada contra os demais seres, cuja resistência é estímulo para o crescimento.

Os seres lutam o quanto podem por sua expansão, isto é, pela sua procedência em relação aos demais. Do mesmo modo, Nill ao perceber e quebrar seus antigos grilhões, deixa de ser um expectador da realidade fictícia em que vive e passa a lutar para expandir cada vez mais as suas capacidades na medida em que supera as suas resistências, as velhas crenças.

Portanto, não pense que é, seja. Não espere a mudança. Mude! E toda a resistência encontrada não é obstáculo, antes é o estímulo necessário para que os objetivos sejam alcançáveis.

Ridiagostine
Enviado por Ridiagostine em 16/01/2017
Reeditado em 07/10/2021
Código do texto: T5883327
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