Cambaleio
Tenho escrito poemas fracos, ossudos, cambaleantes.
Poemas inconscientes de seu próprio significado,
poemas inconscientes de outros poemas...
poemas que, como eu, por vezes olham para o espelho e só veem o reflexo do quarto.
Não são poemas necessariamente tristes, mas perdidos, ignorantes da própria beleza,
da própria força,
das próprias manias.
Poemas que caem de um trem numa estação qualquer,
não tendo ideia de qual país estão
de o que diabos pesa tanto em suas malas,
e por qual motivo ainda têm a audácia de sentirem
num segundo
euforia pura.
Cambaleios e tropeços também podem ser como passos de dança.