8 dicas para ter conversas mais significativas
Você se lembra da época em que a gente se sentava na frente da casa de um amigo e CONVERSAVA? Tipo, pessoalmente, sem olhar pro celular, ao vivo. Que loucura, já imaginou? Passar horas ali só trocando ideias. Época louca mesmo.
Tem todo aquele papo de culpar a tecnologia — não é o caso aqui. O que acontece mesmo é que estamos desinteressados em ouvir os outros. Narcisismo puro.
Narcisismo é um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo.
Em tempos de conversas rasas e sem significado, precisamos mudar. Precisamos aprender a ouvir. Esta ótima palestra do TED, este curso do Highbrow, vários textos do Alex Castro e outras leituras me ensinaram muito e eu gostaria de compartilhar com vocês os aprendizados que tive.
1. Não seja multitarefa
A pior coisa é você falar com um pessoa e ela não parar de olhar para o relógio, para o celular, para os lados. Foque na interlocutor e esteja presente, não só fisica, mas mentalmente. Esse negócio que inventaram que a gente deve fazer várias coisas ao mesmo tempo ainda vai nos deixar malucos. Um dos ensinamentos do zen budismo, inclusive, é fazer uma coisa de cada vez, se entregar ao momento, por inteiro. Desde lavar a louça até transar.
2. Se você não sabe, diga “eu não sei”
Um cientista vai até uma floresta para encontrar um sábio que vive ali. Quando chega, ele diz ao sábio: “Sou um cientista renomado, tenho muito conhecimento, mas ouvi falar de você, e vim ver o que você pode me ensinar”. O sábio sorri e diz: “Claro, mas primeiro, vamos tomar um chá.” Ele dá ao cientista uma xícara e começa a despejar o chá. A xícara se enche, mas ele continua a colocar mais chá. Desesperado, o cientista fala: “Pare! Pare! Você não consegue ver que não tem mais espaço? Você está derramando tudo no chão!” “É como você,” responde o sábio. “Você vem aqui dizendo que quer aprender comigo, mas sua xícara já está cheia.”
Sua xícara já está cheia?
3. Não dê sua opinião
Aqui vai uma novidade: a conversa não é sobre você. Não é como você se sente. Não é o que você faria no lugar da pessoa. Nadinha. Zero. Nothing. Apenas ouça, respeite, conforte, tenha empatia.
“Por que é tão difícil suspendermos nossos julgamentos, nossas opiniões, nossas interrupções, para conceder a outra pessoa o inestimável dom da nossa atenção completa e concentrada?”
4. Mande seus pensamentos pra longe
É como meditar: é difícil, exige concentração, foco, disciplina. Pensamentos vêm e vão facilmente. Quando eles chegarem, não se culpe, apenas perceba-os e mande-os embora. Precisamos controlá-los e voltar nossa atenção à conversa.
Há quem diga que é muito distraído e esquece das coisas rapidamente:
“Gostaria de poder dizer que sou uma pessoa boa que tem péssima memória e é muito distraída. Mas não: minha péssima memória e minha extrema distração são sintomas de meu profundo desinteresse por tudo que não diga respeito a mim.”
5. Use questões abertas
Essa parece que é muito usada por jornalistas, e eu também uso muito como professor. Não faça perguntas em que as respostas sejam “sim” ou “não”. Veja a diferença entre as duas seguintes perguntas, após alguém contar uma história:
1- “você ficou feliz, então?”
2- “como você se sentiu?”
Perceba a diferença: na primeira pergunta, nós estamos supondo e já dando uma opinião sobre como a outra pessoa se sentiu. A resposta é “sim” ou “não” e fim de papo.
Já na segunda pergunta, somos neutros. Não é sobre nós. É sobre a outra pessoa. Com isso, você possivelmente terá uma resposta maior, mais completa, pois quem fala tem que voltar e lembrar como se sentiu na situação.
6. Seja um jornalista
O principal propósito de ouvir atentamente é descobrir a singularidade que o interlocutor pode trazer ao mundo, como encorajá-lo a fazer isso, e o que podemos aprender com isso. Respeitamos suas digitais no mundo para complementar as nossas.
Faça perguntas. Entreviste. Tente descobrir informações que são valiosas para você e para quem você conversa, e se divirta aprendendo com elas.
7. Silêncio
Ser um bom ouvinte requer uma atitude interna que nos permite ir além de nossas impressões e expectativas. Mais precisamente, é uma abertura que nos permite reconhecer valor nos outros.
Porém, primeiramente, é preciso de… silêncio. Isso significa calar as vozes e preconceitos internos que nos dizem para julgar, ensinar, vitimizar, moralizar.
8. Esteja disposto a aprender
“Todas as pessoas que você encontrar sabem algo que você não sabe.”
Colocar em prática é difícil
Como tudo na vida, não tem mágica. Tem esforço, dedicação, coragem. Cada pessoa tem uma história incrível. Vale a pena conhecer.
Vamos conversar?