Se não fosse por causa daquela moça sabe, eu bem colocaria a culpa nos meus avós, por te me tornado poeta(ALmIR PRADO)
Hey vovô, me lembro como se fosse hj, há 28 anos atrás o senhor arrumando a roda de meu carrinho de pedalar, depois que o quebrou porque eu apanhei todas as mangas verdes do pé em meados de novembro 1988 para brincar de estilingue , fazendo com que aquele ano não desse quase nada de manga , ai vô, queria dizer que foi por causa disso que me transformei poeta. Eu adorava correr no quintal e subir nas árvores, tinha manga, amora, carambola, ameixa, laranja bahiana, limão galego, pão do céu , tinha meu joelho ralado , meu pé rachado , o rio no fundo, tinha alegria e peripécias. No quintal da casa da vovó, a gente brincava de esconde-esconde, tinha macarronada com pimenta do reino e tinha groselha com pedacinhos de maçã, e a tarde tinha bolo de fubá com café com leite, ai vó, queria dizer que foi por causa das bolachas que tinha as fadas ou por causa dos pães que comprava no bar com aquela sacolinha listrada, ou o chocolate nestlé , que vinha com figuras de animais estampados ou por causa dos doces que vinham com soldadinhos e aquelas balas que sempre me engasgava, ah vô e vó, adorava aquele dip lik e brincar de golzinho e bolinha de gude na rua, de soltar aquela pipa gigante que meu vô fez pra mim, ah ! Viu ! Se não fosse por causa daquela moça sabe, eu bem colocaria a culpa nos meus avós, por te me tornado poeta, mas foi tudo culpa dessa moça. (ALMIR PRADO)