DESVENTURAS DO AMOR

Talvez esteja mesmo entregue as desventuras do amor, do tempo e dos seus mistérios. Desconstrói-me a alma esta angústia de não saber onde te encontrar, seja no agora, no amanhã ou em qualquer lugar. Preciso ao menos sentir e saber, desde que você exista, desde que seja, mesmo que fantasioso, mas que eu possa por fim saber de ti e das tuas intempéries e frustrações sobre mim. Cabendo-me apenas a lisura de te esperar, às vezes ansiosa, às vezes preocupada ou até esquecida, mas, relembrando-me que me tocas mesmo longínquo, apenas pela lembrança do teu cheiro, das tuas mãos, da tua voz. Suspira-me a alma em imaginar que porventura haverá o dia que saciaremos esta loucura já taciturna de nossa juventude, obscurecida por nossas tolas escolhas. Valha-me Deus, envelhecer os ossos, a carne e a esperança de sentir apenas o teu sexo estarrecido de prazer em saciar toda a lacuna do tempo perdido pelas minhas insanas manias de não saber o que querer e as tuas em me negar. Maltrata-me por isto, raivoso, destoas teu palavreado monossílabo que me tortura na espera de uma fagulha de esperança e de amor. Não te vás com tuas descrenças, sabes que o tempo há de reservar um espaço para nós. Mesmo que não seja no agora, escutas em minhas palavras e sente o medo desesperador de te perder ao te ver partir, cada vez como a última, com uma parte de mim, que relutas em acreditar, que apesar de todos os poréns, é tua e que sempre será.

Fernanda A. Fernandes

07.1.2017

Fernanda A Fernandes
Enviado por Fernanda A Fernandes em 08/01/2017
Reeditado em 09/01/2017
Código do texto: T5875405
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