A ÉTICA DO AMOR AO PRÓXIMO

A qualidade de um ser humano reside muito mais nos seus gestos de humildade, gratidão e amor (demonstrado pelo próximo nas situações mais carentes de afeto e de compaixão), do que no seu excesso de perfeccionismo e eficácia que faz com nada escape do seu controle.Para ser sincero, a integridade de uma pessoa não é uma virtude tão valorizada pela sociedade em que vivemos! Pois a maior exigência das sociedades capitalistas são a eficácia; a rapidez de pensamento e de decisão; a obediência cega ao sistema; e o excesso de pragmatismo, capaz até mesmo de afetar as relações humanas fora dos ambientes que incentivam abundante produtividade. É como se as demais qualidades de uma pessoa precisassem girar em torno dessas exigências...Mas quem busca ser integro sabe muito bem que para além de qualquer exigência social, há a consciência da responsabilidade por si próprio; e, o que é mais importante, há a consciência da responsabilidade pelas pessoas com as quais mantêm relações interpessoais duradouras; relações essas capazes de transcenderem qualquer formalidade (com pessoas que, evidentemente, não são objetos de uso e de manipulação, tampouco mercadorias de troca tal como muitos querem nos fazer entender!). De fato, todos os homens livres, os que são profusos de virtudes (ao mesmo tempo abertos para o diálogo fraterno), amam o seu semelhante apenas pela alegria de amar e de demonstrar sua humanidade, em vez de amarem em razão de qualquer temor servil que as obrigue a serem amorosas, ou então por outro motivo qualquer. É certo dizer que o amor irradiado do ímtimo de um ser humano para o seu mundo circundante, é uma força que emana de sua vontade, de seus desejos, de sua liberdade, de sua disposição, enfim, de todo o seu ser. Portanto, o amor nada mais é do que o fruto de uma vida inteira dedicada à transcendência espiritual, uma transcendência que visa principalmente a autoestima, a amizade, a solidariedade e o cuidado. O amor é manifestado especialmente quando existe num homem a disposição corajosa para a libertação dos demais seres humanos ávidos de proteção, ternura e de cuidado (Pois tanto o homem, quanto o animal são sempre uma manifestação da vontade de viver, são ambos a mais clara manifestação da vida que quer se perpetuar; logo, esta é sempre algo que não se deixa enquadrar numa lógica perversa de mercantilização. A vida é, portanto, um fenômeno que descortina a urgência para uma prática verdadeiramente ética dos homens).

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 07/01/2017
Reeditado em 18/04/2018
Código do texto: T5875089
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