Amar o próximo como a ti mesmo
Não faz sentido pregar o amor ao próximo se não aprendermos a nos amar primeiro. Sem amor próprio não se pode amar o que nos é impróprio. O amor por si mesmo é amor pelo desconhecimento de nós mesmos. Não nos julgarmos, nem a nós ou aos outros. Aceitação de nossos monstros, reconciliação com o ego. O amor pela miséria e grandeza que há em nós. Devíamos aconselhar, se é que conselho é bom, a amarmos mais a nós mesmos.
Por que e para quê o amor do próximo, pelo próximo?
É o rebanho que fala assim. O desejo de apagar o egoísmo através da impessoalidade. E não é justamente essa impessoalidade um egoísmo ainda maior? Posto que exclui o pessoal da vivência. Para que o impessoal venha a fazer sentido, ele precisa de um oposto: o pessoal, o egoísmo. Pois, com que critério ele se julgaria "não-egoísta"? É quase como dizer: se ele é mal, então eu devo ser bom. Se eu sou bom, ele deve ser mal. Toda a história dos conceitos bem e mal, altruísta e egoísta, passam por essa dualidade. O bem contra o mal. Falsa dualidade.