Da ansiedade
Vivemos num mundo ansioso. O "amanhã", o depois, é a prioridade. Toda potência da vida, a força, é posta de lado, conservada para "amanhã", para "além". Jesus, para tornar as pessoas menos ansiosas, disse: Vossos pensamentos ansiosos acrescentaram um dia a mais em suas vidas?
Ao interpretarem suas palavras como fatos, "reino dos céus" "Pai" e não como realidades interiores, simbólicas; não fizeram nada mais do que acelerar a corrida contra o tempo, contra o dia do juízo final. Pura ansiedade.
Se esta vida é o pecado, se a natureza decaiu depois do Eden, então quero me livrar desta logo. Como? Sendo o melhor seguidor dos mandamentos de Deus. Sendo uma boa pessoa. A ansiedade está ligada à vingança contra a vida.
Na índia, os grandes sábios, postularam a reencarnação, mas as pessoas por saberem disso tornaram-se letárgicas. A índia é letárgica. Porque posso conquistar coisas melhores na outra vida. Tenho tempo, milhares de vida, até alcançar a iluminação. E com isso colocaram um sinto de castidade no próprio espírito.
Nossa ansiedade é característica ocidental. Vem das nossas religiões, que pregaram que a vida verdadeira só é vivida no futuro. E hoje é a ciência quem nos diz isso: no futuro, no futuro... Quanta ansiedade não foi se formando no coração do homem! O desejo pela vida verdadeira apenas crescia com a dores desta vida. Como isso não condicionou seu presente, seus prazeres com a vida, a vida mesma!. E quando matamos a autoridade moral de Deus para com a vida, com a ciência, o futuro permaneceu vazio, nos tornando, assim, talvez inconscientes para as causas, sobreviventes do amanhã.
"Fazemos planos para o futuro para suportarmos um presente que, ironicamente, era o futuro de ontem"