As três transformações do espírito

A primeira etapa de nossa vida é guiada pelo rebanho, pela religião, pelos princípios de nossos pais, e país, pelos amigos, pelas escolas, pelo conhecimento. Nessa fase somos camelos: aqueles que não podem fazer nada a não ser se curvar e suportar peso, são os valores do mundo que carregamos como se fossem nossos. Vivendo intimamente de comparações com o outro, sob suas múltiplas máscaras. Algumas pessoas nunca saem da primeira fase, permanecem camelos pela vida toda. Estes são os mais presos a seus próprios pontos de vistas. Estes não sabem o que é trocar de pele. Temem ser serpente...

A segunda etapa somos fortes para dizer não aos valores do mundo, de nossos pais e família, religião; dos Ídolos que queiram se fazer de santos, e principalmente de nós mesmos. Pra quê e por que disso ser assim ou assado? Ora, não somos importantes mas ninguém nos consultou para a reunião. Quando os homens tiveram a audácia de dizer que a palavra era a coisa mesma a que ela se referia e foi dando vida a esse belo câncer no planeta que é o homem. Mas e eu? E nós? Simplesmente pegamos o bonde na janela - e é isso mesmo? Não pensamos?! Ora, sempre achei que a palavra limão era a cara de cebola. Por que não? Somos leões nessa fase. O sentido é você quem faz. Atravessamos o grande deserto, o vazio de todas as coisas, a total falta de sentido na vida. Uma vez negado todos os valores do camelo não nos sobra nada. Retiramos o horizonte. Para onde ? Chegou a existir ? Os pés procuram o chão e não dá pé, tudo se tornou profundo demais. Não se sabe mais sentir raso. É quando um vento no rosto acaba por se transformar numa experiência de valor, não por conceitos. Mas por simplesmente senti-lo.

A terceira etapa é uma transfiguração - o fim que se encontra ao começo. Ela só pode acontecer pelo Não do leão em nós, pois se não destruímos nossos castelos de areia como faremos outros melhores? Ou nos tornamos camelos inocentes: inocentes, porém, apenas de nossos preconceitos. Castelos de areia "eternos"...

Que vemos se tornar nessa fase é a criança envolta pela inocência, com a força do leão e o conhecimento do camelo. Que nos importa as ondas do mar? Que nos importa a felicidade, o sofrimento!. Nosso prazer é criar. Tornou-se inevitável viver com prazer.

Aprendemos a criar. Agora brincamos com o tempo, como construir castelos de areia no coração para vê-los sendo destruídos pela águas do devir. O tempo deixou de nos ser um inimigo, e agora fluímos junto dele. Felizes, como dançarinos, ainda mais vigorosos depois da queda, sempre como que renascidos das cinzas, do declínio, abraçamos o mundo com o olhar do sol, que a tudo ilumina. Como no primeiro dia. Como só as crianças tem o poder...

Fiódor
Enviado por Fiódor em 06/01/2017
Reeditado em 11/01/2017
Código do texto: T5874037
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