Ás vezes não quero ser.

A pergunta que nos fazem quando somos crianças é a que nos persegue por toda a vida mesmo já tendo crescido. O que quer ser quando crescer?

Bom, há pouco tempo eu queria ser professor de Educação Física, lidar com lutas e artes marciais, esportes e por último escola. Em 2015 fiz descobertas incríveis sobre o que eu era capaz de fazer e em 2016 quando fiz uma viagem sozinho pude ver que não estava errado sobre minhas capacidades e qualidades. O problema foi que eu desanimei.

Hoje sou professor de educação física, trabalho com treinamento resistido, escalada e treinamento de corrida de rua, os projetos que tanto corri atrás em 2015/2016 estão guardados em lembranças muito boas, mas hoje, pensando no hoje, não os quero.

Já pensei muitas vezes em enfrentar a morte, como minha mãe disse uma vez "muita coragem perante a vida, mas covardia diante da vida". Concordo. O problema é que não sou covarde em encarar a vida, eu simplesmente no momento, não quero.

É como aquela situação com os primos que te desafiam a fazer algo e você se recusa, e com isso te acusam de ser medroso.

Não querer deveria ser tão bem aceito como quando correspondemos às expectativas ao dizermos "quero sim". Mas não é, infelizmente. Tanto que as expectativas são as principais causas da curvatura da boca, seja um sorriso ou seu oposto.

Penso em me mudar, país diferente, Florianópolis, mas lembra dos planos que corri atrás nos últimos dois anos? Pois é, se eu os seguir vou ficar "preso" pelo menos dois anos onde estou. Aí vem a pressão de ajudar minha mãe a pagar as contas, a tristeza dela seria imensa em perder o filho, não justificaria morrer para pagar as contas.

Dor de cabeça. Desânimo. Obvio que não é possível ser feliz o tempo todo, mas se tristeza é um sentimento como felicidade talvez ser triste o tempo todo também não seja algo desejável, não que seja, mas se trocar tristeza por felicidade diria que gostaria de ser feliz o tempo todo.

Passei o ano novo ao lado de bons amigos, foi ótimo até retornar à realidade, estudar, até pesquisar sobre uma possível viagem em 2018 tem me estressado.

Ansiedade.

Sou bom no que faço, seja com crianças, adultos, musculação ou escola, sei que se me esforçar consigo passar no mestrado, mesmo que em outro departamento, sei que se eu me mudasse, apesar dos perrengues conseguiria me virar. Mas talvez não melhorasse minha qualidade de vida. Creio que não adianta nada você mudar o seu externo se seu interno continua o mesmo. Aprendi isso na viagem. Logo o problema é meu e não daqui, estou cheio de oportunidades brotando, obvio que não é perfeito, mas é muito bom.

Mas ás vezes e já posso contabilizar algumas muitas, penso que não quero, simplesmente não quero.

Ai podem me dizer que não vale a pena, bom, hoje uma conhecida faleceu em um acidente de carro, ela tinha muito mais vontade de viver que eu, emagreceu uns 40kg fazendo atividade física e acompanhamento nutricional, já eu... Valorizo pessoas como ela, mas penso que ela falecer pode ser algo que foi feito para me fazer pensar, bem, estou pensando, e mesmo assim, não mudo de opinião em relação ao que ás vezes quero.

Muitos amigos se vendem por concursos, estabilidade, hoje não quero nada estavel, queria instavel justamente porque se decidir me mudar, nada me prenda.

Ás vezes, não quero ser.

Dudu San
Enviado por Dudu San em 02/01/2017
Código do texto: T5870069
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