Retrospectiva 2016
No resumo televisivo pouco se aproveitou de beleza, amor e bondade no ano de dois mil e dezesseis, nos quatro cantos do mundo.
Em destaque, chocou para quem assistiu a passagem, a imagem daquele choro que não veio, o embrutecimento do espírito visto ao olho nu.
A criança sentada em um dos bancos da estação, ensanguentada, rosto impregnado do sangue seco que escorreu da cabeça, deixou quem passou por ele ansioso na expectativa de ouvir gritos de desespero, choro de dor e horror, e não ocorreu, assim seriam ao menos correspondidos no emocional bombardeado pela violência, facilitando a reflexão, fluindo os efeitos do estrago.
Mas não, a criança portou-se como adulto maturado no disfarce da dor, do rancor.
No campo hostil da guerra, desolação e revolta, efeito das atrocidades desta invenção dos homens nas eras para se degladiarem, ficou evidenciado mais uma vez o império do caos que ronda por aqui de tempo em tempo.
Do extremo oposto ao ideal de paz e progresso evolutivo da raça, o menino, vítima da guerra, adotou o estado cozido que "embatumou", como pão embolorento no campo hostil.
Notou-se que a criança olhava para o movimentar das pessoas como quem adotou postura da mágoa arrogante. Não se via um vislumbre de tristeza...somente a estagnação do espírito diante dos efeitos da arma deixados em si.
Este vidro imposto para quem olhava a cena medonha, devolveu ao observador a mudez, estado dos piores para desenvolver a compaixão.
Mesmo em tamanho ainda é possivel poder amealhar aprendizado. O novo pede passagem.
Ou atolamos no barro podre da indignação, ou nos valhamos do espírito fraterno do recomeço neste dia primeiro. Precisaremos uns dos outros para seguir, perseguindo o bom e o melhor.