Desabafo de um Ano Novo
"A vida de quem inventa de voar é totalmente paradoxal, é o peito eternamente dividido, é chorar porque queria estar lá, sem deixar de está aqui, é sorrir na chegada e chorar na partida. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar porque subtraiu mil pedras preciosas.
E vivemos num roteiro clássico, deitar na cama e pensar no antigo lar, nos quilômetros de distância, nas pessoas amadas, no que elas estão fazendo sem você, nos risos que você não pode ri, é tentar sem sucesso conter um chorinho, sabendo que você é a única responsável pela sua escolha.
Mas será que a gente, consegue transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras? Será que aprendemos a ser filhos de longe, a ver sobrinhas crescendo por vídeos ou por Skype, a substituir mesas de lanchonete por grupos no WhatsApp, a ser amigos através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHA?
Será que a vida sempre será essa sina, será que sempre estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Sei que é difícil, mas admiro quem deixou SERGIPE por MANAUS, JUAZEIRO por SERGIPE, PARAÍBA por MANAUS.
O preço é alto, a gente se questiona, a gente se culpa, mas o destino, a vida, o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão, mas nós, viemos e iremos...
Mas NUNCA deixaremos de amar quem ficou, e nem sofreremos por não termos tentado."