Importa

Olhe para cima, olhe para o céu, olhe para as estrelas, olhe para a Lua. Ela está lá desde o dia em que todo humano vivo atualmente nasceu. Ela está lá desde o dia em que o primeiro homem nasceu, e morreu. Desde o dia em que o primeiro império surgiu, e caiu. Desde o dia em que a primeira guerra iniciou, e acabou. Desde o dia em que o primeiro amor nasceu, e morreu(?).

Nascendo e se pondo, porém nunca morrendo, todo dia. Como um ancião que tudo observa, imagine o quanto a Lua já viu. Quantas histórias de amor e ódio, de guerra e paz, de heróis e covardes, de nascimentos e mortes, de alegrias e tristezas, de impérios e civilizações inteiras, ela já testemunhou? É uma pergunta com uma resposta simples: todas. Tudo que já foi feito por um homem na superfície da Terra, todas ações humanas, foram observadas, vistas e testemunhadas pela Lua, que continuou sempre impassível, imutável, indiferente a tudo, como se isso não a importasse. Independentemente de ser uma história de amor ou ódio, de guerra ou paz, de ser americana, européia, asiática, com personagens brancos ou negros, cristã ou islâmica, a Lua a tudo observou. Ela viu a tudo que fizemos, e nunca se importou. Ela viu o surgimento da própria vida na Terra, e verá o fim dela também. Os lobos entendem o significado disso e por isso uivam para ela.

Nós não temos importância para a Lua ou para qualquer outro astro, e não podemos fazer nada quanto a isso. Tudo o que podemos fazer é olhar para eles e nos importarmos mesmo assim. Uma história de amor ou ódio pode ser indiferente para a Lua, porém pode significar tudo para dois amantes. Uma guerra pode não ser importante para o Sol ou para alguém que está do outro lado do mundo de onde ela está acontecendo, porém ela importa para os soldados que a lutam, para os que sofrem com ela. A morte de um ancião ou de um recém-nascido não faz diferença para o Universo, porém ela significa o fim de toda uma vida, que viu muito ou pouco demais, significa a saudade e o luto para os que estavam próximos, significa o quanto a vida é frágil para os que observam, e significa o fim de tudo, para os que morreram. Um império ou uma civilização inteira pode não ser importante para os astros, porém eles são para os que viveram neles, para os que lutaram e morreram por eles. A vida pode ser indiferente para todo o cosmos, porém para nós, para os que estão vivos, amando, odiando, lutando, implorando, doando, gritando, sussurando, escrevendo, morrendo, vivendo, a vida significa tudo.

Não diga que nada importa. Tudo importa.

William Holmes
Enviado por William Holmes em 13/12/2016
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