O término

É o fim.

Tudo chega ao fim.

Acabou.

Era uma bela taça de vidro e se quebrou. Pedaços espalhados pelo chão. Não há como reconstruir, não há como colar os cacos.

Na verdade, nenhum amor no mundo seria capaz de consertar o que se quebrou entre a gente.

Eu sei que é o fim.

Eu estou tentando formular frases bonitas, algo simbólico sobre nós, algo que deixe a despedida um pouco menos dolorosa.

Eu penso comigo mesma, será que devo? Eu poderia lutar um pouco mais. Ainda me restam algumas forças, ainda me resta algum fôlego.

Eu não me importaria de lutar por você, embora ache que você já cansou de lutar por mim. E não há nenhum amor no mundo capaz de consertar o que se quebrou entre a gente.

Eu te vejo. O avisto sentado naquele banco de madeira, você já sabe o que vai acontecer. Meu estômago embrulha e eu sinto vontade de fugir. Quero adiar.

Você me vê. Percebe meu abalo. Você me abraça. Eu imagino que seja o último abraço. Sinto teu cheiro. Eu imagino que será a última vez que eu o sinta. Você me permite chorar em seus braços. Você me consola. Quem irá me consolar quando tudo acabar? Você está com medo. Pensa em tentar consertar. Mas a verdade é que nenhum amor no mundo será capaz de consertar o que se quebrou entre a gente.

Você começa a falar. Eu passo a te ouvir.

Você diz que tudo foi perfeito. Diz que vai sentir falta dos bons momentos e que não vai saber que caminho seguir amanhã de manhã. Você está segurando minha mão, você sempre faz isso quando não quer que eu fique mal. Você é assim.

Então eu começo a falar. E você passa a ouvir.

Eu prometo que vou te amar pra sempre, porque tenho medo de te esquecer. Eu digo que tenho medo.

Só afirmo que tenho medo. Medo de um dia esquecer como é o seu rosto. Esquecer como é sua voz. Medo de te encontrar por aí ao lado de outro alguém. Você sabe que eu sempre fui mais sensível.

Você me faz prometer que vou ficar bem, Eu minto. Digo que vou seguir em frente. Mas por dentro eu sei que possivelmente definharei.

Como será te procurar e não te encontrar? Como será não poder te ligar? Como será nunca mais te abraçar? Dizem que sempre vai doer, como um osso quebrado, que por mais que esteja curado ainda dói quando faz frio. Será que a gente consegue sobreviver? Porque eu sei que não há nenhum amor no mundo capaz de consertar o que se quebrou entre a gente.

Você me beija. Eu lembro da primeira vez em que nos beijamos, foi quando nossos corpos disseram "olá", e agora nossos corpos dizem "adeus".

Você não consegue parar me olhar. Você não consegue ir embora e nem eu. Mas alguém precisa ir. Então após um último olhar, eu vou. Prefiro ir antes. Porque eu odeio a ideia de te ver indo pra longe de mim.

Eu entro no carro e começo a chorar. Eu choro como se algo tivesse sido arrancado de mim. E foi.

É o fim.

Tudo chega ao fim.

Acabou.

Era uma bela taça de vidro e se quebrou. Pedaços espalhados pelo chão. Não há como reconstruir, não há como colar os cacos.

Na verdade, nenhum amor no mundo seria capaz de consertar o que se quebrou entre nós.