A cada tic-tac
Lembrar que precisa respirar pra se manter viva, faz com que ela se perca no próprio fôlego. Tem o sistema respiratório completo e em funcionamento perfeito. O oxigênio, há quem diga que está em escassez, mas nada que a impeça de conseguir respirar tranquilamente. O que veta é esse seu medo constante de tudo que pode ser considerado essencial, pois não é capaz de controlar o que se entende como primordial.
A respiração. O bem-estar. O amor. Metas. Organização. Desafios. Sensações. Coragem. Aceitação. Paciência. Perdão. Cautela. E o crucial: O tempo.
Ah, o tempo... - Não é à toa que a lista de advérbios temporais é vasta – Ela o segura com firmeza e tenta controla-lo do começo ao fim do dia, mas ele sempre escorre pelos seus dedos. O tempo. Divisor de águas que responde à tão frequente pergunta: ‘’Quando?’’. Hoje. Amanhã. Agora. Depois. Antes. De vez em quando. Em breve. A qualquer momento. Sempre. Nunca. Imediatamente. Às vezes. Sei lá. Nunca se sabe. O tempo não é palpável e a única aproximação possível é a do barulho do relógio que está fixado em sua parede. Cada vez mais alta. Para não padecer sob o ‘’tac’’ mais forte que se torna cada vez mais ensurdecedor, ela escuta ‘’Por enquanto’’.
‘’Mudaram as estações, nada mudou’’. Nada muda, pois ela não está sob controle. E nem ele sob ela - diga-se de passagem. Pode até adiantar o ponteiro, atrasar ou até, drasticamente, arrancar. Isso não comandaria nada. O que move e está acima de tudo é ele, que vem junto com a onomatopeia mais sublime do ‘’tic-tac’’ constante: O futuro. A vida é uma constante viagem para o que é póstero, em que a gente não pode nunca mais voltar.
Nunca mais.