FLOR DO CACTO
Nesse espaço
Onde o tempo me ergue nos olhos poeira
Vou curando a seca e as feridas
Que carreguei no alforje da alma.
Evito laços
Sou a Maria Bonita
Do meu próprio cangaço...
Tua dinastia eu desfaço
Desorganizo teu bando
Se preciso
Firo e sangro
Desiludo o princípio do engano...
Me abandono
Nas terras do teu sertão
Mas, não como na tua mão
Sou dona de mim
Controlo minha solidão.
Conspiração
Do acaso pelo descaso
Morro como rainha sem reinado
Nasço
Sem seiva bruta
Sem limbo
Sem chuva
Mas sobrevivo onde a morte é destino...
Traço
Passo
Escapo
Mas nem sei como vim brotar no teu abraço
Sou rama venenosa
Brotei
No tempo e no espaço
Das flores do teu sertão
Nasci flor do cacto...