FLOR DO CACTO

Nesse espaço

Onde o tempo me ergue nos olhos poeira

Vou curando a seca e as feridas

Que carreguei no alforje da alma.

Evito laços

Sou a Maria Bonita

Do meu próprio cangaço...

Tua dinastia eu desfaço

Desorganizo teu bando

Se preciso

Firo e sangro

Desiludo o princípio do engano...

Me abandono

Nas terras do teu sertão

Mas, não como na tua mão

Sou dona de mim

Controlo minha solidão.

Conspiração

Do acaso pelo descaso

Morro como rainha sem reinado

Nasço

Sem seiva bruta

Sem limbo

Sem chuva

Mas sobrevivo onde a morte é destino...

Traço

Passo

Escapo

Mas nem sei como vim brotar no teu abraço

Sou rama venenosa

Brotei

No tempo e no espaço

Das flores do teu sertão

Nasci flor do cacto...

Virgínia Moreno
Enviado por Virgínia Moreno em 04/12/2016
Código do texto: T5843419
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.