Um eterno talvez

Talvez você tenha saído da minha vida antes de ter ido embora, de fato. Talvez você tenha ido antes do último adeus, antes do último beijo, antes do último olhar. Eu só sei que na última mensagem, você já não estava lá. Talvez se eu soubesse que aquela era a última vez eu teria ficado mais tempo com você, ou melhor, eu não teria ido, teria adiado o máximo pra que o fim não chegasse, mas talvez eles sempre cheguem. Outro dia recebi uma ligação e pensei ser você, senti meu corpo arrepiar, mas logo descobri que não era, e mais uma vez senti um aperto enorme no peito, pela decepção, talvez. Talvez eu não esteja tão feliz quanto saio demonstrando por aí, talvez eu ainda te queira, ou não queira tanto assim só pelo medo de ter que ver você partir de novo. Talvez tenha medo de não aguentar ver você indo mais uma vez. Talvez a gente tenha tido uma história bonita sim, só não teve o tão sonhado “felizes para sempre” que toda menininha sonha em ter um dia, talvez você tenha me ensinado isso, que final feliz também é terminar separado. Talvez juntos a gente não somasse mais, sabe?. Talvez as minhas decisões futuras sejam consequências de um futuro que eu imaginei que poderíamos ter, ou talvez seja só o meu aprendizado. Eu queria mesmo te encontrar, em qualquer lugar, na fila da padaria, num restaurante lotado, em uma rua vazia, em uma festa, assim sem esperar. Mas você nunca está lá, eu sempre tento te achar, só pra te olhar de longe eu não teria mesmo coragem de me aproximar. Queria saber se o seu sorriso continua largo e se o brilho dos seus olhos não se apagou, se nenhuma tristeza levou a sua alegria, se alguém fez um estrago no seu coração, assim como a sua partida fez no meu. Talvez te olhar de longe, amenize um pouquinho dessa saudade que ficou plantada dentro de mim desde que você decidiu ir. Talvez eu não ame mais ninguém como eu amo você, talvez não deseje ou sinta nada parecido do que senti por você. Talvez depois de você ter ido eu sinta mais ou até bem menos. Talvez o seu sorriso seja o mais bonito que eu tive a sorte de conhecer. Talvez você seja o único que com um abraço arrumava toda a bagunça que mora em mim, talvez a sua ida tenha aumentado ela. Talvez você esteja feliz e realizado, e eu esteja aqui tentando me encontrar. Talvez eu deixe de te amar e só passe a me lembrar de você com um sorriso no rosto, e uma saudade boa de tudo que a gente foi. Talvez eu te esqueça assim que soltar essa caneta, talvez eu decida me refazer assim que parar de escrever, ou talvez isso não aconteça. Talvez eu faça um novo texto amanhã, dizendo que superei. Talvez, talvez, talvez assim ficou a minha vida depois de perder você, nada mais é certo, tudo é um eterno “talvez”. E quem sabe um dia eu esqueça de tentar te esquecer, esqueça de tentar te encontrar e aí quando eu perceber, já não tenha mais tanto amor assim aqui dentro. Não sei, talvez eu consiga, por querer ou até mesmo sem querer. Talvez você volte, mas quando isso acontecer, talvez eu não te queira mais quanto quero agora. Eu sei que não te espero mais, talvez eu não espere mais nada, de ninguém, da vida. Talvez realmente tudo agora seja um eterno talvez.

Karol Moura
Enviado por Karol Moura em 04/12/2016
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